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sexta-feira, 10 de junho de 2011

A memória que fica

Antes de tudo quero deixar claro que faço parte da legião de admiradores fervorosos do Ronaldo Nazário - o nosso Ronaldo.
Depois, para um melhor conhecimento dos amigos da minha capacidade de avaliação sobre jogadores, esclareço que faço parte de uma geração que teve a oportunidade de ver jogar craques da grandeza Garrincha, Rivelino, Zico e Maradona.
Que tive a oportunidade de ver jogar e se despedir dos campos de futebol do maior de todos eles, Pelé.
Como o próprio já disse uma vez, ao ser perguntado quem foi o melhor jogador de todos os tempos - ele ou Maradona - as comparações devem ser feitas tendo por base as conquistas alcançadas pelo atleta.
Pelé foi dez vezes campeão paulista, quatro vezes campeão Rio/São Paulo, cinco vezes campeão da taça Brasil, duas vezes campeão da Libertadores, duas vezes campeão mundial de clubes e três vezes campeão mundial de seleções, isso sem contar a infinidade de torneios regionais conquistados por ele e seus companheiros.
Edu Jonas, um dos maiores ponta esquerda do futebol brasileiro e companheiro por muitos anos de Pelé, no Santos e na seleção, confidenciou-me uma vez que, qualquer esporte que Pelé tivesse escolhido, seria sempre o maior. Na primeira concentração em estiveram juntos - disse Edu - Pelé participou pela primeira vez de um jogo de sinuca. Três dias depois, ninguém vencia mais Pelé.
Mas o assunto de hoje, divagações á parte, não é estabelecer uma comparação sobre jogadores e suas carreiras, mas sim, como eles realizam as suas despedidas.
Quero contrapor as emoções das homenagens recebidas por Pelé, do Santos e da seleção brasileira, com o "espetáculo" da festa de despedida do Ronaldo no jogo dessa terça feira.
Lamentável em brilho, cor e participação. Um evento sem a menor emoção, por mais que o locutor tivesse tentado passar o contrário. Uma final de um campeonato de truco no bar do clube certamente seria mais emocionante.
Quando a exibição do homenageado, não que estivéssemos esperando um Ronaldo ágil, inteligente e veloz - suas melhores qualidades - mas o que vimos chegou a ser patético. Vinte e um jogadores fazendo o possível para que Ronaldo deixasse sua marca na despedida. Contra ele apenas dois, o goleiro da Romênia e o seu estado físico deplorável.
Por instantes me fez lembrar a despedida de outro gênio do futebol - Garrincha - em um jogo que os zagueiros adversários chegavam a deixar as pernas abertas para que ele conseguisse o drible de efeito.
Esse menino de São Cristovão, Rio de Janeiro, que tantas alegrias nos deu, com tanto sacrifico pessoal e físico, merecia uma festa melhor, com mais respeito e preservação.
Talvez tenha faltado a Ronaldo a sabedoria de Pelé para escolher o momento certo de parar. A imagem correta para deixar na memória de todos.
A passagem mais adequada para entrar na história.