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sexta-feira, 26 de junho de 2009

um bilhão somos nós

Um dado para estarrecer: somos 1 bilhão de pessoas passando fome no mundo.
Belíssima marca alcançada. Agora mais de 15% da população mundial não tem o que comer.
Nos países em desenvolvimento, 10% das crianças morrem antes de completar 5 anos.
A cada dia morrem 24.000 pessoas por causa da fome. No ano, 8.784.000.
É como se a cada ano, a cidade do México, Tóquio ou até mesmo uma Nova Iorque desaparecesse dizimada pela fome.
Em 1974, na Conferência Mundial sobre Alimentação, fixou-se como meta o ano de 1984 para acabar com a fome.
Hoje, 25anos depois da meta fixada, conseguimos atingir a casa do 1 bilhão.
Claro que não existe uma solução fácil, não é apenas uma questão de dinheiro, são vários os fatores: as guerras, cultura, educação, atitude e até investimento.
Para pensar...
De acordo com relatório da ONU para a Campanha pelas Metas do Milênio, as nações mais ricas doaram para países em desenvolvimento U$ 2 bilhões, nos ultimos 50 anos.
Ao mesmo tempo, em apenas 1 ano, os bancos e instituições financeiras receberam U$ 18 bilhões em ajuda pública.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento aponta, que os países pobres pagam U$ 100 milhões por dia em serviço da dívida para os países ricos.
Um terço desse pagamento já significaria U$ 12 bilhões por ano na luta pela erradicação da fome no mundo.
Precisamos parar de ver esse problema pelo lado inverso da luneta.
A pobreza e a miséria não são um programa de televisão, que nos inquieta e trocamos de canal.
A fome não existe apenas na outra parte do mundo. Ela está ao nosso lado. É nossa vizinha.
Somos nós.

terça-feira, 23 de junho de 2009

O bispo da Anatel

Enfim apareceu o bispo!
A Anatel - Agência Nacional de Telecomunicações vestiu a batina e partiu em nosso socorro.
Após quatro apagões que paralisaram a prestação de seus serviços, recebe a Telefônica a determinação de interromper a venda de novas assinaturas de seu serviço de banda larga - Speedy.
A Telefônica, que desde 1998 lidera o ranking de reclamações no Procon, tem agora 30 dias para apresentar a Anatel, um plano de garantia da qualidade de serviço de banda larga.
Mais do que nunca, é preciso que a Anatel tenha apoio total do governo federal nessa empreitada. É fundamental que o consumidor tenha seus direitos resguardados e seja respeitado.
Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica, faz menção ao governo e a agência reguladora,
que possíveis demissões estarão por vir.
Helio Costa, ministro das Comunicações "ensaia uma flexibilização", também conhecida como recuo.
Não pode, não deve!
Em uma época como a nossa, quando empresas e pessoas dependem da internet e dos telefones.
Quantos negócios deixaram de ser realizados? Quantos prejuízos foram contabilizados?
Como desculpa para as panes em sequência, Valente aponta que nos ultimos três anos, o numero de clientes dobrou e o trafego de informação cresceu 10 vezes. Ainda comenta: " nesse sentido, impedir a venda não é garantia que a coisa vá melhorar".
Ora, presidente! E continuando a venda, sem os devidos reparos, não vai piorar mais?
Faço uma proposta á Telefônica.
Durante esses 30 dias, faça uso secretamente do seu telemarketing, que para não cometer nenhuma injustiça, em nada difere de seus concorrentes. Tente resolver seus problemas como qualquer um de nós mortais.
Quantas vezes será que o pessoal da Telefônica iria ouvir de uma ou um atendente de telemarketing, frases como " sua reclamação está anotada, o senhor deve aguardar um contato nosso", ou talvez, "vou passar o problema para a minha supervisão"?
Quantos numeros de protocolos ela irá anotar, antes de não ter a sua solicitação atendida?
Isso tudo é claro, desde que a ligação não caia. Caso contrário ela terá que começar tudo de novo com o próximo atendente.
Vamos dar o devido respaldo a Anatel. Vamos transformar essa atitude em exemplo de conduta para cada concessionário público.
Precisamos ter a quem recorrer, a quem reclamar.
O que está faltando para o Brasil é bispo.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Um plano que não decola...

Após um lançamento pirotécnico, o Programa Minha Casa Minha Vida parece que ainda não encontrou os caminhos para sair do papel.

O presidente Lula bem que avisou para não cobrarmos um prazo para o cumprimento de todo o projeto. Não nos avisou porém, que não haveria um prazo para começar.

Segundo o próprio site do governo, será destinado ao programa R$ 34 bilhões, para a construção de 1 milhão de moradias, em parceria com estados, municípios e a iniciativa privada.

Logo após o aviso, começou a correria de algumas construtoras abrindo postos de atendimento e cadastramento de interessados. Boas filas, muita gente interessada querendo um cantinho pra chamar de seu.

Muito justo, levando-se em conta que de acordo com o próprio site, o deficit habitacional brasileiro é da ordem de 7,2 milhões de moradias, sendo que 90.9 % , ou 6,5 milhões de casas, estão na faixa de 0 a 3 salários de renda.

É justamente aí, que sem nenhum trocadilho, mora o problema.

Para a grande maioria das construtoras, construir para essa faixa com prestações iniciais de R$ 50,00 é financeiramente inviável.É fundamental o subsídio do governos federal, estadual e municipal.
Convenhamos que o governo não pode querer transferir para a iniciativa privada, um ônus que é todo seu.
Sim, assistêncialismo sim. Como tantos outros subsídios que por aí estão, muitos deles não tão meritórios quanto esse.
Após essa primeira barreira vencida, é necessário "destravar" os gargalos existentes na Caixa Federal, para que ela possa operacionalizar o plano.
Mais que um sucesso de mídia, precisamos sim, é de um sucesso de público.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A personagem e a pessoa

No mundo do teatro e da televisão, "entrar na personagem" significa o estado perfeito da arte. O instante em que a personagem toma conta de seu físico e da sua mente. Seus pensamentos e atitudes passam a ser comandados pela personagem.
Trejeitos, expressões,olhares e até bordões acabam por dar o toque final.
Quem não se lembra do chacoalhar de pulseiras do Sinhozinho Malta, da sobrancelha erguida do Alberto Roberto, de bordões como " sou, mas quem não é?", "ele é boko moko", "vamos deixar os entretantos e os emboramente e vamos pros finalmente".
Alguns de triste memória como "gosto de levar vantagem em tudo", assinatura de uma campanha de cigarros, que acabou transferindo para a pessoa do jogador de futebol Gerson- e por "tabela" para o povo brasileiro, uma imagem extremamente negativa.
Às vezes a personagem toma uma dimensão tão grande, que para não haver uma submissão total, é necessário marcar uma divisão clara entre os dois. Caso do Edson Arantes do Nascimento que cita sempre o Pelé na terceira pessoa.
Na verdade, enquanto estiver agradando o público e o Ibope estiver em ritmo de subida, é muito difícil que essa separação seja feita.
Acredito ser esse o caso do nosso presidente.
Lula conseguiu construir uma personagem tão forte e tão ao agrado do povo brasileiro que as imagens do político e da personagem se fundiram.
Ele é o povo que tem voz. O povo que não tem medo do que fala e por isso fala o que quer.
É aí que mora o perigo.Quando o político experiente que ele é, não consegue conter a fala da sua personagem.
Claro, já estamos acostumados com as "marolas", "loiros de olhos azuis" e outras tantas frases ditas diariamente pela personagem. Já fazem parte do folclore nacional.
Mas essa semana o político não pode controlar a sua criação.
Depois do "...a França irá indenizar as famílias brasileiras e francesas", e "...o presidente Sarkozy está muito solidário com os brasileiros", deixou a mais cruel para a eleição do Irã.
Por mais que possa existir uma relação fraterna entre Lula e o seu colega iraniano Mahmound Ahmadinejad, um verdadeiro estadista tinha que conter suas impensadas expressões.
Achar que centena de milhares de pessoas em manisfestação nas ruas de Teerã, com dezenas de feridos e a morte de sete pessoas, seja apenas "choro de perdedores" ou simplesmente um Flamengo e Vasco, não cabe na boca de nenhum político no mundo.
Nessas horas é necessário que o ator procure o seu diretor para uma reflexão ou que abandone o improviso.
Caso contrário, a personagem irá eliminar o político.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Com a Bolsa Toda

A Bovespa acaba de alcançar a 4ª colocação entre as Bolsas mundiais. Tem pela frente apenas a Bolsa de Chicago, Hong Kong e a Deutsche Borse.
Com um valor de mercado de U$ 12,4 bilhões de dólares, a Bovespa deixa para trás as Bolsas de Nova York e de Londres.
A imensa massa de recursos jorrados nos mercados mundiais para evitar a grande depressão, encontrou na Bolsa brasileira um dos portos seguros e rentáveis.
É a confiança dos investidores no retorno de suas aplicações.
Ao mesmo tempo em que é comemorado esse grande resultado, surgem os economistas de plantão noticiando a possibilidade de uma nova "bolha" se formando, que é necessário muita cautela....
Esses mesmos economistas, no começo da crise mundial, proclamavam aos quatro ventos, que a confiança nas medidas e resultados era fundamental para se estabelecer a normalidade dos mercados.
Afinal, devemos buscar investimentos ou nos "fechar em ostras"?
Nem tanto ao céu nem tanto a terra...
Clinton alcançou 10 anos de grande prosperidade em seu governo, mas já a partir do segundo ano, grandes economistas vaticinavam "isso não vai dar certo!".
As oportunidades estão aí e precisam ser analisadas dentro de cada contexto.
Como diz o velho ditado "O mundo gira a Lusitana roda!"

CP

segunda-feira, 15 de junho de 2009

"Ponha no papel"

Muito bom o texto do Amir Labaki publicado no Eu &, da edição do Valor Econômico do dia 12 de junho.
Com grande sensibilidade, Labaki estabelece um paralelo entre a vida de Getúlio Bittencourt, esse grande jornalista morto a semana passada, e o personagem do filme de Kevin Macdonald - "Intrigas de Estado", Cal Mcaffrey, vivido por Russel Crowe.
Como contraplano da trama central, "Intrigas de Estado" traz á discussão dois dos maiores problemas vividos pelos principais jornais do mundo - a busca desesperada por novos leitores e a adaptação entre o material impresso e o online.
O próprio filme nos fornece as respostas.
O jornalista do "impresso" Cal McAffrey (Russel) e a jornalista do online Della Frye (Rachel McAdams) se unem para fazer a investigação e a matéria final. Cada um nas suas expertises, cada um por seus meios.
Essa é a síntese perfeita. Online e impresso não são adversários, são parceiros. Servindo aos seus propósitos, divulgando aos seus públicos específicos.
A sobremesa mais saborosa ficou por conta da sequência em que a equipe do jornal descobre a dimensão da materia apurada.
Na discussão sobre que meio (online e impresso) daria a notícia, quem ficaria com o que, a frase de Della Frye definiu a questão - "A descoberta é extremamente importante, deve ser publicada na nossa edição impressa".
Isso me lembra uma frase muito usual para apresentação de um projeto, para apresentação de uma proposta que queremos tornar efetiva ou para alguma coisa que não queremos que se perca e tenha a garantia de um documento firmado - "Ponha no papel!"

Convocação a Participação

Com a criação desse blog, quero abrir um espaço ao debate sobre os caminhos da política e da economia brasileira.

Um espaço para "pensarmos juntos", uma tribuna aonde a experiência e conhecimento de cada um de nós possa ser compartilhado de uma maneira livre e aberta.

Os últimos acontecimentos mundiais serviram para comprovar que ninguém é dono do futuro.

O futuro é um exercício coletivo, a soma de cada conhecimento, um conjunto de ações e atitudes.

Dos economistas com suas fórmulas e ensaios ao povo comum de nossas ruas. Pessoas que na maioria das vezes, veem a marola se transformar em um imenso tsunami, que arrasta de volta para o mar todas as esperanças de sucesso.

Dos que criam as regras aos que tentam entende-las. Da Bolsa e da Poupança, do investimento e do trabalho.
Convoco e conto com vocês, para que possamos ter um amplo debate sobre os caminhos a seguir.
A viagem segura é sempre precedida pelo pleno conhecimento da estrada.

CP