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terça-feira, 24 de abril de 2012

O Escracho e a Imprensa

A mascara de carnaval oferecida por Mauricio Meirelles, integrante do CQC da TV Bandeirantes, à secretária de Estado norte-americano Hillary Clinton, durante coletiva de imprensa no Itamarati, gerou, além do mal estar entre todas as autoridades e jornalistas presentes, uma possível punição a toda a equipe do CQC em participar de futuros eventos, viagens e comitivas da presidência da República. Censura á imprensa? O preceito básico do jornalismo é informar. Levar ao público matérias e informações que possam trazer significado e relevância para um maior entendimento da sociedade em que vivemos. Coisas que até o CQC faz com maestria no quadro Proteste Já, confrontando autoridades públicas e suas promessas para a população. Agora, atitudes como as da coletiva do Itamarati não posso concordar. O escracho, a ridicularização e a mais absoluta falta de noção básica de educação e protocolo, tentando transformar em “escada” qualquer autoridade que apareça pela frente, isso eu não posso concordar. Desculpem-me, mas isso não é jornalismo e em nada ajuda a imagem do Brasil no exterior. Que o competente Marcelo Tass consiga, craque como é, restabelecer os limites necessários para a boa condução do seu programa. Que a inteligência volte a imperar.

terça-feira, 17 de abril de 2012

O impresso e o digital. A sindrome do Highlander

O que era para ser um novo modelo de negócios no mundo da comunicação, por falta
de um melhor entendimento, pode acabar em uma guerra pela sobrevivência
em que se busca desesperadamente chegar antes, sem saber ao certo aonde, como e
porquê. E o que é o pior, sem definir exatamente qual é real negócio que resulta de todas
essas transformações. Para muitos é o abismo pelas costas e a escuridão do desconhecido pela
frente.
Na conta corrente da adequação do mundo off para o mundo online, os prejuízos se
acumulam em escala exponencial, disfarçados na maioria das vezes por uma promessa
de lucros inexeqüíveis.
E, como em toda guerra, as vítimas aparecem a cada batalha.
A mais nova vitima foi um presidente de um importante jornal paulistano,
que perdeu o seu posto por capitanear um processo de condução do conteúdo
do impresso para o mundo digital, que acabou consumindo recursos financeiros
enormes, sem conseguir – após ultrapassar todos os prazos estabelecidos – ao menos
iniciar o negócio.
A miopia de todo o processo pode residir exatamente em tentar passar de um meio para o outro imaginando
que se trata tão somente de uma adequação de conteúdo, quando na verdade é o início de um novo
negócio, com regras diferentes, resultados diferentes e até mesmo com conteúdo diferente.
O mundo off é regido pela regra do tátil, da empresa possui e vale tanto. O mundo online é do intangível,
a empresa possui a possibilidade de ser, ela possui a capacidade de gerar tanto.
Com as regras existentes no mundo real pode a Instagram valer 1 bilhão de dólares?
A possibilidade de se agregar ao texto, fotos, imagens e sons, de permitir a participação imediata do
leitor amplia de uma maneira absoluta a maneira de se passar a informação.
O leitor online não é o mesmo do impresso. A sua necessidade de informação e da maneira como ele quer recebê-la é diferente.
Podem ser divididos basicamente em dois grupos, os generalistas e os analistas.
O primeiro mais focado em saber de tudo um pouco sem a necessidade de aprofundamento. Já o segundo dá preferência
para as análises, para a compreensão de tudo que possa lhe afetar. O ponto em comum é o tamanho da informação que
estão dispostos a absorver. O tempo está cada vez mais curto, assim como a sua capacidade de ler.
Quanto ao negócio, vamos lá.
Dizer que o mundo digital corta processos na distribuição da informação e conseqüentemente apresenta uma redução
significativa de custos é, para não dizermos mentira, no mínimo uma meia verdade, com forte tendência para um quarto.
Sim, democratiza a informação. Sim, agiliza e expande a sua distribuição. Agora, quanto aos custos....
Hoje, erguer uma plataforma digital dentro dos mais avançados recursos tecnológicos, pode custar mais que
importar o mais moderno sistema de impressão para o seu parque gráfico.
E quanto a receita?
A profusão das informações gratuitas do mundo digital torna cada vez mais difícil a sua cobrança.
Claro, a informação relevante, pertinente, necessária e exclusiva, sempre irá encontrar o seu comprador.
Já no caso da publicidade, a distância entre o impresso e o digital é abissal.
É impossível qualquer comparação entre a página (tabela) de um jornal e qualquer formato existente no modelo digital.
Então, já que o mundo digital é irreversível, qual a solução a ser adotada para realizar essa transferência?
A primeira delas é eliminar a palavra transferência. Transferir significa levar alguma coisa de um lugar para o outro, abandonando
o lugar original.
O jornal continuara existindo enquanto o público do papel existir. Quem gosta do papel consome o impresso. Pode até flertar com
o digital, mas só encontra o prazer com o impresso. Portanto não se trata da eliminação de um para a sobrevivência de outro.
Alguns preferem o rádio para acompanhar o seu futebol, outros a televisão. O produto a ser consumido é o jogo e quem determina
como quer receber e o que deve conter a informação é o público. Cada qual com cada qual. Não é necessário que um morra para que o outro possa sobreviver.
A segunda saída para o sucesso do negócio no mundo digital é não tentar construí-lo em cima da estrutura anterior.
Assim como não se deve levantar uma nova construção sobre as pilastras da construção antiga, a conscientização de
que são negócios diferentes deve levar a modelos de avaliações absolutamente separados, separação que em
muitos casos podem chegar até as estruturas físicas. A mistura de setores e metodologias de trabalho podem muitas vezes
ofuscar a leitura real dos resultados.
O correto entendimento dessas diferenças básicas será o condutor do sucesso das empresas de comunicação no online.
O que está acontecendo é que algumas empresas do setor parecem estar tentando enviar a televisão dentro do rádio.
Aí não há business plan que de jeito.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O lixão de Brasilia

Cada vez que vejo na novela das nove aquele mundaréu de gente tendo que
conviver com o lixo vindo de todos os lugares, me vem a
lembrança Brasília.
Como os habitantes do lixão, a população brasiliense tem que suportar também a
companhia do que de pior cada estado da federação produz e envia para lá
sob a forma de deputados e senadores.
Não tratarei de ser político dizendo “ora, não são todos, tem muita gente decente lá”.
Caso existam, mais do que nunca chegou a hora. Manifestem-se, apareçam, dêem o exemplo, nem que seja
para que a custa da própria renúncia deixem claro o divisor de águas.
Não me venham com frases prontas de que lá estão para transformar, para poder vigiar de perto a correta
condução dos interesses do povo.
A única transformação que o povo tem assistido é a do padrão de vida dos próprios deputados e senadores.
Ricos, cada vez mais ricos em um país em que a grande maioria da população mal consegue comer.
Que interesse pode ter o povo em ver os eleitos aprovarem 18 salários por ano?
Verbas de representação no valor de 100 mil reais por mês?
Mensalões, meias e cuecas milionárias, a divisão do butim em cascatas....?
Quem não concorda não convive. Quem não aprova não participa.
A representação do povo é um cheque em branco ao portador.
Usar o voto em benefício próprio é roubo, é crime.
Precisamos de atitudes definitivas. A resignação do povo é a certeza
da impunidade de quem deve ser castigado.
Ovelhas não podem pedir a proteção dos lobos.
Portanto, deputados e senadores, assumam suas posições com
clareza, ergam as suas bandeiras.
Afinal, como diz o ditado, quem convive com bandidos, bandido é.