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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O mundo conectado

Segundo a consultoria Deloitte, em 2011, mais de 50% dos dispositivos de informática vendidos no mundo não serão computadores.
Os tablets e os smartphones, com mais de 400 milhões de vendas previstas para 2011, serão "a bola da vez", estimulando e empurrando para cima a previsão de U$ 10 bilhões de receita para todo o setor.
Mais mobilidade e maior rapidez exigem internet e banda larga em expansão contínua. Ligações sem fio já ultrapassaram a marca de 100 Mbit/segundo.
O mundo que você pensou hoje de manhã já poderá estar velho na hora do jantar.
A velocidade com que as informações trafegam no mundo digital, pelas redes sociais, blogs e páginas de internet é espantosa.
Os jornais impressos, a bem pouco tempo atrás, pensavam como iriam adaptar o seu conteúdo a internet. Hoje isso já não basta. O formato necessário agora é o que caiba nos tablets e smartphones.
A necessidade sempre foi a mãe das invenções. Será que hoje, não são as invenções que estão gerando as necessidades?

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Fiat Lux no Brasil da Dilma Rousseff

O conhecimento da presidenta Dilma Rousseff do setor elétrico brasileiro nos faz crer que ela tenha o estofo necessário para desembrulhar o nó existente no setor, conduzindo a um bom caminho a necessidade de expansão da oferta de energia que o nosso desenvolvimento nos impõe.
O tamanho dos investimentos necessários, mesmo antes do corte orçamentário de R$ 50 bilhões, é muitas vezes superior a capacidade brasileira. O Brasil não tem caixa para custear todas as despesas demandadas. Portanto, os investidores externos, mais que bem aceitos, são imprescindíveis.
Como atrair esses investidores, se não remuneramos adequadamente o capital desejado?
Segundo uma importante empresa do setor, o governo brasileiro vem mantendo artificialmente baixo o valor das tarifas pagas aos geradores.
Isso, associado a uma carga tributária que pode chegar a 44%, desestimula a participação das empresas geradoras de energia nos leilões do governo.
O que se vê é a presença constante de grupos formados por construtoras, que por força do próprio "core business", podem perder em uma ponta para ganhar em outra.
O capital não aceita desaforo e as empresas do setor elétrico não estão dispostas a arcar com o chamado "custo Brasil".
A outra questão a ser resolvida é o tempo de construção e ativação das usinas hidroelétricas.
Razões financeiras, logísticas e até ambientais, impedem a rapidez na sua execução das obras necessárias, o que aumenta a distância entre a demanda e a oferta.
Talvez o Brasil precise construir mais usinas menores, até mesmo aquelas que empregam o gás como força motriz, para poder abastecer o mercado consumidor até que as maiores estejam prontas.
Apesar de serem consideradas nocivas ao meio ambiente, as usinas a gás podem ser uma alternativa. A matriz energética brasileira é extremamente limpa e mesmo com a utilização pontual do gás, estaremos ainda muito longe dos índices nocivos europeus.
A outra alternativa é a energia eólica. Com os atuais conflitos nos países árabes e a alta no preço do petróleo, a energia eólica volta a ter seus custos competitivos.
No Brasil, vento e espaço nunca faltam.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

"Fecham-se as cortinas..."

Hoje, lembrei-me de um dos maiores narradores esportivos do rádio brasileiro - Fiori Giglioti.
Um profissional capaz de transmitir um lance de uma partida de futebol com tamanha perfeição que parecia que estávamos no próprio campo de futebol, observando cada detalhe da jogada.
É dele o famoso bordão “abrem-se as cortinas e começa o espetáculo", início de todas as suas transmissões.
Sim, porque isso foi o que sempre significou o futebol. Um maravilhoso espetáculo executado por um grupo de artistas, pintando com cores inimagináveis, as suas mais belas jogadas, fazendo desse esporte um momento de pura devoção.
Pelé, Garrincha, Didi, Rivelino, Gérson e tantos outros, que a cada domingo, como se fosse uma procissão, transportavam multidões aos estádios, todos sempre a espera da jogada inesquecível.
A bola parecia fazer parte de seus corpos, uma extensão das próprias pernas, tal era a cumplicidade e reverência com que era tratada.
Transformado em business, o futebol perdeu um pouco da sua paixão, do seu atrevimento.
Os artistas cederam lugar para os guerreiros, cada partida uma batalha, a magia sendo trocada pela eficiência espartana, regras do novo negócio.
Mas, os deuses do futebol, saudosistas que são, volta e meia enviam aqui para a Terra, artistas dispostos a transgredir as determinações estabelecidas.
Aparecem os Maradonas, Zicos, Rivaldos, Messis, Romários, que com genialidade desconcertante, desafiam todas as táticas planejadas. Surgem para lembrar que o prazer da arte sempre será maior que o simples e mecânico resultado.
Espalham a sua magia por todo o mundo, fazendo ressuscitar em nossos corações a velha chama da paixão.
Como filhos dos deuses do futebol são reverenciados por todas as nações. Reis, príncipes e presidentes estão sempre dispostos a adulá-los, na tentativa inútil de transferir a popularidade alcançada por esses ídolos, as suas nem sempre honestas condutas.
Só que até mesmo filhos de deuses têm prazo de validade. Nem mesmo eles resistem ao tempo.
Ontem foi o dia de mais um desses heróis tirarem o seu manto de divindade e voltar a ser um simples mortal.
O menino do São Cristovão que conquistou o mundo.
Talvez ninguém tenha personificado tão bem o encontro do passado com o futebol moderno como ele.
A irreverência dos antigos com a força dos deuses de hoje. Uma dádiva que fez dele um ídolo de todas as bandeiras, até mesmo de equipes rivais as quais serviu.
Agora ele se retira. Mais uma vez o tempo foi implacável. mais uma vez nos deixou órfãos.
Resta um vazio. Um vazio e a esperança que os deuses se compadeçam das nossas aflições e enviem mais um de seus filhos. Alguém que nos faça acreditar que a magia nunca termina.
A cortina se fechou pondo fim ao espetáculo.
Eu, como milhares de outros torcedores, permaneço na platéia. Silencioso, na espera da cortina novamente se abrir e poder mais uma vez levar aos campos toda a minha emoção.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O tempo da velocidade e a velocidade do tempo

Eu, como a maior parte da minha geração, cresci cultivando ídolos.
Eles -os meus ídolos - mais que modelos de atitudes e comportamentos tinham um poder mágico, um "pó de piripimpim" capaz de transportar todos nós para as suas ilusões em uma viagem mágica.
Uma cartucheira e um revólver de plástico bastavam para me transformar em Roy Rogers,
pronto para levar a justiça e a paz para todo o Velho Oeste. E, se por acaso ele estivesse em alguma outra missão, um pedaço de cabo de vassoura fazia às vezes de bengala e de pronto surgia Bat Masterson.
Na musica, Creedence Clearwater Revival e os Beatles faziam a trilha sonora. Claro, sem esquecer de Roberto Carlos e a sua Jovem Guarda, que nos colocava, todos os domingos à tarde, sem exceção, na frente dos televisores.
No futebol, a lista era ainda maior. Pelé, Garrincha, Rivelino, Gerson, Tostão, Ademir da Guia eram incorporados quase que mediunicamente por todos os garotos do bairro, sem distinção de classes sociais, da bola de meia a bola de capotão.
Nossos ídolos eram agentes das mudanças, instigadores dos nossos pensamentos e atitudes, padrões dos nossos comportamentos.
Tempos duros também surgiram. A ditadura chegou atuante, sempre pronta para sufocar qualquer liderança que não comungasse dos mesmos princípios. Os meios de comunicação sob censura eram proibidos de divulgar qualquer notícia ou informação que, na opinião dos ditadores de plantão, colocasse em risco a chamada revolução.
Mas, tudo isso passou. A grande revolução que vivemos é a revolução da tecnologia. Tudo se transformando a uma velocidade espantosa. O que hoje é novidade, amanhã já estará ultrapassado. A lei da obsolescência planejada atingiu até os ídolos. Agora eles vem com prazo de validade.
Será que o tempo entre as gerações também diminuiu?
A chegada do homem a Lua, a televisão colorida, os computadores, feitos e criações que transformaram o mundo em que vivemos revoluções que presenciei de forma privilegiada.
Mas talvez, o fato mais impressionante que pudemos assistir, pelo menos nos últimos dez anos, foi o surgimento da primeira revolução sem liderança, sem nenhum ídolo no comando.
Uma revolução comandada por pontas de dedos e redes sociais.
Uma ditadura de mais de 30 anos e o oitava maior exército do mundo, postos de joelhos por um levante popular nascido na internet.
Sem armas, sem comando central. Uma revolução com o rosto do povo. A mais perfeita tradução de democracia, o povo para o povo.
Parafraseando a letra da música de Rodrix, imortalizada pela voz de Elis Regina "...os meus ídolos ainda são os mesmos...", mas agora posso dizer que presenciei a primeira Revolução Popular Digital da história.

ps.Cris Hori, obrigado pela cobrança