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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O tempo da velocidade e a velocidade do tempo

Eu, como a maior parte da minha geração, cresci cultivando ídolos.
Eles -os meus ídolos - mais que modelos de atitudes e comportamentos tinham um poder mágico, um "pó de piripimpim" capaz de transportar todos nós para as suas ilusões em uma viagem mágica.
Uma cartucheira e um revólver de plástico bastavam para me transformar em Roy Rogers,
pronto para levar a justiça e a paz para todo o Velho Oeste. E, se por acaso ele estivesse em alguma outra missão, um pedaço de cabo de vassoura fazia às vezes de bengala e de pronto surgia Bat Masterson.
Na musica, Creedence Clearwater Revival e os Beatles faziam a trilha sonora. Claro, sem esquecer de Roberto Carlos e a sua Jovem Guarda, que nos colocava, todos os domingos à tarde, sem exceção, na frente dos televisores.
No futebol, a lista era ainda maior. Pelé, Garrincha, Rivelino, Gerson, Tostão, Ademir da Guia eram incorporados quase que mediunicamente por todos os garotos do bairro, sem distinção de classes sociais, da bola de meia a bola de capotão.
Nossos ídolos eram agentes das mudanças, instigadores dos nossos pensamentos e atitudes, padrões dos nossos comportamentos.
Tempos duros também surgiram. A ditadura chegou atuante, sempre pronta para sufocar qualquer liderança que não comungasse dos mesmos princípios. Os meios de comunicação sob censura eram proibidos de divulgar qualquer notícia ou informação que, na opinião dos ditadores de plantão, colocasse em risco a chamada revolução.
Mas, tudo isso passou. A grande revolução que vivemos é a revolução da tecnologia. Tudo se transformando a uma velocidade espantosa. O que hoje é novidade, amanhã já estará ultrapassado. A lei da obsolescência planejada atingiu até os ídolos. Agora eles vem com prazo de validade.
Será que o tempo entre as gerações também diminuiu?
A chegada do homem a Lua, a televisão colorida, os computadores, feitos e criações que transformaram o mundo em que vivemos revoluções que presenciei de forma privilegiada.
Mas talvez, o fato mais impressionante que pudemos assistir, pelo menos nos últimos dez anos, foi o surgimento da primeira revolução sem liderança, sem nenhum ídolo no comando.
Uma revolução comandada por pontas de dedos e redes sociais.
Uma ditadura de mais de 30 anos e o oitava maior exército do mundo, postos de joelhos por um levante popular nascido na internet.
Sem armas, sem comando central. Uma revolução com o rosto do povo. A mais perfeita tradução de democracia, o povo para o povo.
Parafraseando a letra da música de Rodrix, imortalizada pela voz de Elis Regina "...os meus ídolos ainda são os mesmos...", mas agora posso dizer que presenciei a primeira Revolução Popular Digital da história.

ps.Cris Hori, obrigado pela cobrança

Um comentário:

  1. Celso,

    realmente o mundo está cada vez menor e girando mais rápido.
    Às vezes deixa a gente tonto mas é fascinante!
    Parabéns pelo blog e pelo conteúdo sempre de altíssimo nível.

    @crishori

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