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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

E agora, José?

E agora, José?

O dia acabou, a noite chegou, a conta "contou" e você não ganhou.

E agora José?

Lamber as feridas, buscar culpados, recolher-se ao anonimato provisório ou lançar as bases de uma nova oposição.

Uma oposição que durante oito anos pouco ou nada fez, constrangida talvez pela enorme popularidade do presidente Lula.

Para os que atribuem todo o sucesso dele, a imensa sorte do Brasil ter se tornado a "bola da vez" aproveitando de todos os desequilíbrios da economia mundial, para posar de grande estadista, fica aqui um pensamento de arquibancada, tão ao gosto do nosso presidente - perguntem a qualquer torcedor se eles preferem ter como atacante do seu time, um centroavante grosso mais com muita sorte ou um craque azarado?

O "até logo" do Serra, que para muitos pode soar como um chamado ao combate deverá ampliar o dissimulado "racha" que já começa aparecer nas fileiras do PSDB.

Quais devem ser as armas da oposição?

O fato de Dilma ter obtido 56 milhões de votos, tem como contraponto os 44 milhões que não queriam ela como presidente.

A oposição terá o comando de 10 estados brasileiros, entre os quais o de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, que sozinhos representam mais da metade do PIB nacional.

Dilma terá como fiel da balança, mais uma vez, o voraz PMDB, que já tem a lhe morder os calcanhares o PSB, que conquistou espaços importantes nessa eleição.

Dilma precisará adotar medidas de contenção de gastos duras logo no início do seu governo, para conseguir manter as rédeas da economia, isso sem contar as inúmeras batalhas internacionais a serem travadas. A ela, com certeza fará falta o carisma e a popularidade do seu antecessor.

Mas, como bons brasileiros que somos - não é José?- só nos resta torcer para que a nossa nova centroavante, consciente das suas limitações, procure estar sempre bem colocada na área, aguardando a bola certa que irá nos dar a vitória no campeonato.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Carta para o Chico Buarque

Não conheço José Danon, mas a carta é digna de reprodução.

Celso


Carta para o Chico Buarque

José Danon


Chico, você foi, é e será sempre meu herói. Pelo que você foi, pelo que você é e pelo que creio que continuará sendo. Por isso mesmo, ao ver você declarar que vai votar no Lula “por falta de opção”, tomei a liberdade de lhe apresentar o que, na opinião do seu mais devoto e incondicional admirador, pode ser uma opção.

Eu também votei no Lula contra o Collor. Tanto pelo que representava o Lula como pelo que representava o Collor. Eu também acreditava no Lula. E até aprendi várias coisas com ele, como citar ditos da mãe. Minha mãe costumava lembrar a piada do bêbado que contava como tinha se machucado tanto. Cambaleante, ele explicava: “Eu vi dois touros e duas árvores, os que eram e os que não eram. Corri e subi na árvore que não era, aí veio o touro que era e me pegou.” Acho que nós votamos no Lula que não era, aí veio o Lula que era e nos pegou.

Chico, meu mestre, acho que nós, na nossa idade, fizemos a nossa parte. Se a fizemos bem feita ou mal feita, já é uma outra história. Quando a fizemos, acreditávamos que era a correta. Mas desconfio que nossa geração não foi tão bem-sucedida, afinal. Menos em função dos valores que temos defendido e mais em razão dos resultados que temos obtido. Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem adequada aos jovens que vão gerenciar o mundo a partir de agora. Eles que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que deixamos para eles não foi grande coisa. Deixamos um governo que tem o cinismo de olimpicamente perdoar os “ companheiros que erraram” quando a corrupção é descoberta.

Desculpe, senhor, acho que não entendi. Como é, mesmo? Erraram? Ora, Chico. O erro é uma falha acidental, involuntária, uma tentativa frustrada ou malsucedida de acertar. Podemos dizer que errou o Parreira na estratégia de jogo, que erramos nós ao votarmos no Lula, mas não que tenham errado os zésdirceus, os marcosvalérios, os genoinos, dudas, gushikens, waldomiros, delúbios, paloccis, okamottos, adalbertos das cuecas, lulinhas, beneditasdasilva, burattis, professoresluizinhos, silvinhos, joãopaulocunhas, berzoinis, hamiltonlacerdas, lorenzettis, bargas, expeditovelosos, vedoins, freuds e mais uma centena de exemplares dessa espécie tão abundante, desafortunadamente tão preservada do risco de extinção por seu tratador. Esses não erraram. Cometeram crimes. Não são desatentos ou equivocados. São criminosos. Não merecem carinho e consolo, merecem cadeia.

Obviamente, não perguntarei se você se lembra da ditadura militar. Mas perguntarei se você não tem uma sensação de déjà vu nos rompantes de nosso presidente, na prepotência dos companheiros, na irritação com a imprensa quando a notícia não é a favor. Não é exagero, pergunte ao Larry Rother do New York Times, que, a propósito, não havia publicado nenhuma mentira. Nem mesmo o Bush, com sua peculiar e texana soberba, tem ousado ameaçar jornalistas por publicarem o que quer que seja. Pergunte ao Michael Moore. E olhe que, no caso do Bush, fazem mais que simples e despretensiosas alusões aos seus hábitos ou preferências alcoólicas no happy hour do expediente.

Mas devo concordar plenamente com o Lula ao menos numa questão em especial: quando acusa a elite de ameaçá-lo, ele tem razão. Explica o Aurélio Buarque de Hollanda que elite, do francês elite, significa “o que há de melhor em uma sociedade, minoria prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos”. Poxa! Na mosca. Ele sabe que seus inimigos são as pessoas do povo mais informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar a eficiência e honestidade de suas ações. E não seria a primeira vez que essa mesma elite faz esse serviço. Essa elite lutou pela independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura, pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para tirar o Lula das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias. Mas ela é a inimiga de hoje. E eu acho que é justamente aí que nós entramos.

Nós, que neste país tivemos o privilégio de aprender a ler, de comer diariamente, de ter pais dispostos a se sacrificar para que pudéssemos ser capazes de pensar com independência, como é próprio das elites - o que, a propósito, não considero uma ofensa -, não deveríamos deixar como herança para os mais jovens presentes de grego como Lula, Chávez, Evo Morales, Fidel - herói do Lula, que fuzila os insatisfeitos que tentam desesperadamente escapar de sua “democracia”. Nossa herança deveria ser a experiência que acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente ser governados pelo Lula, pelo Chávez, pelo Evo e pelo Fidel, juntamente com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para esse globalizado veneno. Nossa melhor herança será o sinal que deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o contrário disto. Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa em tempos distintos.

Assim como o maior mal que a inflação causa é o da supressão da referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de justiça social. Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito.Temos opção. A opção é destronar o ruim. Se o oposto será bom, veremos depois. Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos. A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por desbotar-se na memória de nossas novas gerações.

Aí, sim, Chico, acho que cada paralelepípedo da velha cidade, no dia 1º de outubro, vai se arrepiar.

Seu admirador número 1,
Zé Danon

José Danon é economista e
consultor de empresas

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A mídia e a transformação

O poder transformador da mídia sobre as pessoas é realmente assustador.

Ela pode distorcer a lógica, inverter pensamentos, trazendo à tona preconceitos que flutuam no subliminar das mensagens que são proferidas.

Não, apesar do tempo que estamos vivendo, não estou falando das eleições ou da esgrima marketineana praticada pelos comandos das campanhas presidenciais, muitas vezes sem a fleuma original desse nobre esporte.

Falo do poder exercido sobre a grande massa da população brasileira, que exposta a uma imensa gama de informações através dos meios de comunicação e não guardando a distância necessária para uma análise isenta, acaba por adquirir novos valores e atitudes que na maioria das vezes são opostos a sua crença e educação.

Essa semana, almoçando em um desses restaurantes fast food, encontro um grupo de quatro rapazes na mesa ao lado.
Três deles eram mais jovens, vestidos de jeans e camisetas. O outro, que aparentava ser o chefe deles, de terno e gravata. Discussão acalorada, um deles fazia a defesa de seus pensamentos, em uma possível tentativa de impressionar o chefe, com os seus conhecimentos e avaliações dos temas do noticiário.

Curioso que sou, bisbilhotices à parte, coloco atenção na conversa.

".....é, mas essa tal da Tânia Bulhões tem dinheiro, consegue os melhores advogados. Coloca a culpa nos funcionários, faz um acordo e sai fora da cadeia...."

" É, com dinheiro se consegue tudo nesse país!"

" E essa tal de Mercia Nakashima? Quem era essa mulher?"

"Apenas mais uma que morreu apanhando do marido. Nada de excepcional!"

"É isso mesmo, quem ela é para ter todo esse espaço na mídia? Nem mesmo como advogada ela era conhecida!"

Afinal, qual é a queixa?

Que famosos e endinheirados naturalmente tenham espaço na mídia e os pobres e desconhecidos permaneçam no anonimato?

Que a notoriedade da vitima prevaleça sobre a importância do crime?

A mesma pessoa que lamenta que o dinheiro e a posição social sirvam para livrar o criminoso do castigo severo é aquela que condena a exposição midiática de crimes de pessoas menos famosas.

Uma pessoa como ela, classe média, trabalhadora, que tinha a sua família e seus sonhos.

Sem querer entrar nos méritos de cada questão, a mídia que deu espaço para a Tânia fez o mesmo com a Mercia.

Uma, pela posição social que ocupa pode gozar de privilégios e concessões. A outra, ora a outra, quem é ela mesmo? Mais uma que morreu apanhando do marido?

Passamos a ver as barbaridades e crimes cometidos, sejam eles de qualquer natureza, como se fossem ficção, entretenimento, um filme.

Em algum momento do processo de comunicação, a repetição dos fatos e a constante impunidade, fez com que a informação nos conduzisse a uma completa letargia.

Adquirimos um novo senso de valores. É a fama pela fama.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Lula é da Fiel!

Hoje, dia 31 de agosto, véspera do Centenário do Corinthians, poderemos presenciar a consagração de um brilhante case de marketing eleitoral, protagonizado por um dos maiores homens de marketing da política moderna.

O homem que criou um personagem fantástico, com a "cara" e os sentimentos do seu público-alvo. Um personagem com conteúdo marca e bandeira.

O case começou a ser montado três anos atrás, quando o Brasil foi escolhido pela FIFA para sediar a Copa do Mundo de 2014. Um trabalho muito bem afinado entre o governo federal e a CBF, contando com a presença e apoio de vários ministros.

O segundo passo foi a colocação de Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, como chefe da delegação brasileira que foi a Copa do Mundo na África. Contatos, aproximações e acordos disponibilizados pela sua presença nos bastidores do mundial.

Com a desqualificação do estádio do São Paulo como sede para receber a partida inaugural da Copa de 2014, após uma série de alegações e desencontros mal esclarecidos, "surge" a chamada oportunidade de mercado. Mas ela não poderia ser tomada de imediato. Como em todo bom filme de suspense, era necessário deixar a platéia quase sem esperanças, achando que o mocinho iria sucumbir nas garras do bandido, para que só aí surgisse a ajuda inesperada.

Como São Paulo, o maior estado da federação, poderia ficar fora da Copa?

O governo estadual e a prefeitura - ambos da oposição - se colocam contra a colocação de dinheiro público na construção de um estádio privado. Os possíveis investidores não demonstraram interesse.
Estaria São Paulo irremediávelmente alijado da Copa?

E nesse instante que surge a cavalaria.

O Corinthians coloca a serviço de São Paulo o seu futuro estádio, a ser construído em tempo recorde.
A construção a cargo da Odebrecht, uma das maiores construtoras brasileira, com estreita participação nas maiores obras do governo federal. Custo da obra para um público de 48.000 - R$ 300 milhões. Para complementar os 75.000 lugares exigidos pela organização do mundial, o Corinthians poderá contar com a suplementação de verba vinda da própria FIFA, a mesma que vetou o estádio do Morumbi.

Tudo pronto, só faltava chamar o presidente para a festa, que por um problema de agenda presidencial deve de ser antecipada em um dia.

Por isso hoje, provavelmente vestindo a camisa alvinegra, Lula mais uma vez será o salvador do povo. Entregará a São Paulo e a sua maior torcida, uma das duas maiores torcidas brasileiras, o sonho da casa própria - seu estádio - que ainda levará como bônus a efetivação como sede da Copa.

Lula receberá do Corinthians o título de Torcedor Símbolo do Centenário e do Clube dos 13 o de Chanceler Honorário do Futebol Brasileiro.
Não será nenhuma surpresa se o próprio Mercadante, santista de carteirinha, aproveitar toda essa "comoção corintiana".

Um case que ainda rendera frutos daqui a quatro anos, quando estaremos bem próximos das tratativas da próxima eleição presidencial

Tudo isso dentro do reduto tucano, que só terá como opção aplaudir e ouvir o povo gritar: Lula é da Fiel!

terça-feira, 27 de julho de 2010

A massa e o Massa

É da natureza humana buscar sempre uma referência para seguir.
Segmentos da sociedade, grupos, países e gerações, criam e cultuam seus ídolos, introjetando todas as suas esperanças, valores, ambições e até mesmo frustrações por objetivos próprios não alcançados.
Os ídolos passam à História como exemplos de comportamentos e atitudes, muitas vezes até ajudando a escrever a própria História.
Existiam ídolos que fizeram de seus conteúdos e exemplos de vida o passaporte para eternidade - Jesus Cristo, Gandi, Martin Luther King, Mandela.
Alguns por descobertas que mudaram o mundo - Da Vinci, Einstein, Sabin.
Outros por suas conquistas - Alexandre, César, Napoleão.
Nesse mundo midiático em que vivemos, aonde a celebridade é instantânea e fugaz, talvez a maior fonte geradora de ídolos esteja na categoria das profissões.
Nos cinemas e televisões, atores e atrizes atraem desejos e emoções, fazem chorar, sorrir, atraem a raiva e mudam comportamentos.
Na música, Presley, Beatles, Jackson, Stones, U2 e outros tantos, atraem multidões e se perpetuam através de gerações de fãs.
Mas, para nós brasileiros, o esporte sempre foi o maior forjador de ídolos conhecido.
Pelé, Senna, Oscar e Hortência, Kuerten, Cielo, a galeria é grande. Da mesma forma é grande também a obsessão por seus resultados, a ponto de transformar atletas em disputa de uma competição em guerreiros na defesa do orgulho nacional. É a "pátria de chuteiras"!
Ao fazermos isso nos esquecemos do princípio básico de qualquer esporte, do sentido olímpico da competição, onde competir bem é mais importante que vencer.
Esquecemos que antes de tudo nosso ídolo em luta nas arenas esportivas é um profissional e, como tal, tem para a empresa que o contratou uma série de deveres e obrigações. A empresa tem seus objetivos, que devem prevalecer sobre qualquer objetivo individual de seus contratados.
Tomemos como exemplo, ainda no setor esportivo, o caso de do centroavante de uma equipe de futebol que esteja em busca da artilharia do campeonato.
A sua equipe precisa vencer e o jogo está empatado. No último minuto da partida surge a oportunidade do gol salvador. Em vez de tocar a bola para um companheiro em condições excepcionais para marcar, ele tenta fazer a jogada, que o colocaria na artilharia, e perde o gol. A meta individual superou a coletiva e o objetivo da empresa não foi atingido.
Claro, estamos falando do Felipe Massa, sim!
Talentoso, grande brasileiro, mas que acima de tudo é um profissional de rara qualidade. Em um universo em que os egos crescem a 300 quilômetros por hora, Massa soube abdicar de seu desejo pessoal de vitória para atender o objetivo maior da Ferrari, o de ganhar o campeonato mundial.
Se existe alguma coisa errada em tudo isso certamente não é o profissional Felipe Massa. Ele cumpriu o seu contrato de trabalho, que sempre teve uma meta clara. Aliás, como em qualquer empresa, em qualquer profissão.
No mundo do automobilismo a torcida é pela equipe, que sempre conta para alcançar o sucesso com dois pilotos profissionais.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Indio por índio, eu preferia o Juruna.

Fico a imaginar em que tipo de planejamento de marketing político encaixa-se o vice candidato á presidência pelo PSDB, o deputado federal (DEM), Indio da Costa.

Dois meses atrás em uma lista de prováveis vices de Serra, que era encabeçada pelo governador de Minas Gerais Aécio Neves, Indio da Costa não apareceria entre os cem primeiros pré candidatos.

Jogo de búzios, cartomantes, astrólogos, tarôs, borras de café e chás, enfim, não importa a magia escolhida, nada ou ninguém acertaria essa escolha.
Nem mesmo o polvo da Copa do Mundo seria capaz de tal profecia.

Carregando consigo a sua juventude, mais todos os preciosos minutos de televisão do DEM, Indio da Costa tem se mostrado uma verdadeira metralhadora giratória ideológica, mandando seguidos projéteis para cima da candidata Dilma Roussef e do seu PT.

FARCS, narcotráfico, MST, a campanha trazida para o plano das ideologias - a luta do Bem contra o Mal, além de cheirar a mofo, pode não render bons dividendos para a campanha de Serra.

Coisas como "eles comem crianças" ou "ditadores do terceiro mundo" não aderem mais ao eleitorado. O discurso acadêmico também não.

Falar a língua do povo, verbalizar seus anseios e necessidades, é a grande vantagem do atual governo.

Olheiras de molho, caro Serra. O caminho que está sendo trilhado por Indio da Costa e a radicalização dos discursos pode afastar o PSDB do Planalto.

Indio por índio, em Brasília, eu preferia mesmo o Juruna.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

It´s only business!

"Negócios são negócios" - frase proferida pelo chanceler Celso Amorim, quando em visita com o presidente Lula ao Guiné Equatorial, país que é dirigido há mais de 31 anos pelo ditador Teodoro Objiang Mbsogo.

Essa foi a justificativa à imprensa e a comunidade internacional, pela atitude do Brasil em estabelecer parcerias comerciais com mais uma ditadura do mundo.

Na boca de Celso Amorim a frase adquiriu uma "leveza", um tom corriqueiro, como se fosse a normalidade das atitudes e procedimentos de qualquer outra grande nação.

Ah! Mas é claro! Negócios são assim mesmo. O importante é procurar novos mercados, novos consumidores, ampliar nossa participação no market share mundial. Crescimento a qualquer custo.

Parece que isso vale para tudo. De alimentos e matérias primas, até armas e munição.
Nesse último caso, podemos vender para os dois lados, dobrando nossas vendas, não?
Vamos fortalecer as ditaduras do mundo, afinal serão sempre clientes cativos.

De "lambuja", ainda damos uma demonstração clara para o mundo de como somos imparciais, sem preconceitos.

Grande frase ministro Amorim! Poderia usar também "...os fins justificam os meios", caberia igual, mas talvez sem a modernidade da sua.

No Quênia, o presidente Lula clamou aos quatro ventos pela democracia, mas no Guiné Equatorial...Mas para que a preocupação com esses detalhes, afinal, "it´s only business".

sexta-feira, 11 de junho de 2010

E se a China resolvesse viajar?

Segundo a OMT- Organização Mundial do Turismo, em 2009, a crise mundial e a gripe H1N1 contribuiram para decréscimo do número de turistas viajando pelo mundo. Foram 880 milhões de pessoas, com gastos de U$ 852 bilhões.

Desse total, 42,2 milhões foram turistas chineses, com uma média de gastos de U$ 42 bilhões.

Com uma população na casa dos 1,4 bilhões de pessoas, o número de turistas da China representa apenas 3% dos seus habitantes.

Os cinco maiores emissores de turistas do mundo são, respectivamente, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Japão e França. São 268 milhões de pessoas, ou 41% da soma de todos os seus habitantes.

Para brincarmos com os números, se a China tivesse a mesma taxa de emissão (41%), só ela seria responsável por 65% de todo o turismo internacional.

Caso a taxa de emissão da China saltasse de 3% para 15%, o número de chineses viajando pelo mundo seria igual à soma de viagens dos cinco maiores países europeus.

Claro que o poder aquisitivo da população da China está muito abaixo das economias desenvolvidas. Suas dificuldades são proporcionais ao tamanho da sua gente. A grande maioria vive em situação precária e a possibilidade de viagens internacionais está longe de qualquer sonho possível.

Mas o seu crescimento nos últimos anos tem sido frenético e não pode ser desprezado, principalmente pela indústria mundial do turismo.

A França, com 82 milhões de visitantes de todas as origens, primeira colocada no ranking de turismo receptivo, já é o destino preferido pelos chineses, que em 2009 deixaram em terras francesas mais de 158 milhões de euros.
A Europa é responsável por 52,9% do fluxo de turistas no mundo.

O turismo receptivo no Brasil seja pela falta de infraestrutura ou pela insegurança,
gerou em 2009 apenas 5 milhões de turistas - 2,6% da sua população. O Brasil ocupa hoje a 45º posição no ranking receptivo mundial e o 5º lugar nas Américas.

Em 2008, o turismo foi gerou 9,6% do PIB mundial. Segundo a WTTC - World Travel & Tourism Council, o turismo é responsável por 219,8 milhões de empregos no mundo.

Com números dessa grandeza é natural que a preocupação com esse mercado esteja, cada vez mais, presente nas cabeças dos dirigentes mundiais. Entre todos os desafios a enfrentar, a China talvez seja o maior, pois com certeza a China passará a ser de vital relevância nas planilhas do crescimento do turismo no mundo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

A luneta da economia

Após a Grécia, antes mesmo da Espanha e Portugal, parece ser a Hungria a bola da vez.
O anúncio de mais uma dívida impagável, encoberta por balanços e demonstrações financeiras distorcidas, abala ainda mais o equilíbrio do frágil e desvalorizado euro e da Comunidade Comum Européia.
Os EUA tentam a todo custo retomar o rumo da sua economia, ante a perspectiva de anos de possível estagnação.
A China, o novo e poderoso motor da economia mundial, pisa no freio das taxas de crescimento, reduzindo drasticamente seus investimentos, com a iminência do estouro da sua bolha imobiliária.
Os sinais estão claros, a crise mundial não atravessou ainda o seu pior momento. Muitas batalhas ainda serão travadas antes do fim dessa guerra. Parece que só o governo brasileiro ainda não conseguiu enxergar isso.
Sim, nossas reservas até aumentaram para U$ 250 bilhões – sem considerarmos o custo que isso significa para a nossa economia.
Sim, nosso mercado interno tem feito a economia girar – sem levarmos em conta a nossa incapacidade de atender todo o crescimento da demanda.
Sim, os investimentos externos tem se mantido estáveis – sem levarmos em conta que a grande maioria toma o caminho da Bolsa e não da produção.
Ah! O governo anunciou uma diminuição de R$ 10 bilhões no custeio da máquina administrativa e nos investimentos. Um corte na carne como se costuma dizer.
Alguém realmente acreditou nisso?
Para os que acreditaram, a frase do ministro da Educação – Fernando Haddad – “Não haverá cortes”, joga por terra qualquer esperança.
Para o ministro todos os cortes anunciados serão repostos por outras fontes de receita.
A gastança do governo federal com o grande aumento de arrecadação dos tributos da União, gerados pela economia interna aquecida, tem patrocínio garantido.
Considerando-se somente os doze últimos meses, os gastos do governo federal atingiram o mais alto índice já registrados - 18,6% do PIB. No último ano do governo Fernando Henrique, com todas as pressões do ano eleitoral, a taxa foi de 15% do PIB.
Pelo visto o único guardião para conter o aquecimento irresponsável da nossa economia será o Banco Central, utilizando a única arma disponível, o aumento das taxas de juros.
Assim, nosso governo federal continua olhando a situação mundial com a luneta invertida. Desse jeito, os problemas parecem muito mais distante do que realmente estão.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Esse é o cara?

Seja qual for o desdobramento que tomar o acordo com o Irã, o grande ganhador do jogo, definitivamente, foi o presidente Lula. Uma vitória que ele sabia, sob a ótica
política,que viria desde o início.
No caso de sucesso nas negociações o pedestal da glória o aguardava. Quanto ao possível fracasso, o dano em sua base de eleitores seria praticamente nulo, até mesmo pela distância do tema junto a grande maioria da população brasileira.
O resultado alcançado até agora com certeza dificultará o trabalho dos países que defendem a imposição de sanções ao Irã. Até mesmo porque as bases aprovadas estão muito perto daquelas oferecidas à negociação pelo presidente Obama.
Agora,a esperança dos EUA reside na reprovação dos detalhes do acordo pela AIEA - Agência Internacional de Energia Atômica(ONU), ou, na tradicional intransigência iraniana, sempre pronta á descumprir acordos.
Talvez, nesse exato momento, em seu salão oval, Obama esteja repetindo para os seus assessores - "Esse é o cara?"

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Quem paga a conta?

O corte de R$ 10 bilhões nas despesas anunciado pelo governo, as portas das eleições e em fim de mandato, terá o mesmo efeito que cortar o cafezinho de um jantar caro, um gesto de cena apenas.
Pirotecnia eleitoreira, o corte deverá acontecer na área de investimentos, não no custeio e despesas da máquina administrativa.
A solução é fácil e indolor. É só apresentar a conta para o PAC. Para isso o governo não precisará tomar nenhuma medida extra, é só deixar seguir a programação truncada e ineficiente dos três anos de programa.
Entre 2007 e 2009 apenas 40,3% das obras previstas foram concluídas. Dos R$ 638 bilhões de investimento alocado até 2010, só 63,3% foi utilizado, o que representa uma "economia" de R$ 234 bilhões.
O Ministro da Fazenda Guido Mantega já prometeu - "Vamos manter todo o programa de investimentos do PAC".
Portanto, como já dito, é só deixar seguir o programa. Com certeza "sobrará" para cobrir outros tantos buracos orçamentários.
Nessas coisas do governo, sempre aparece alguém para pagar o PAC.. digo, pato.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A "amiga" França

A França continua praticando com o Brasil a política do "bate e assopra".
Ao mesmo tempo em que o presidente Sarkozy dá o seu aval para Lula prosseguir como principal interlocutor nas negociações com o Irã, torpedeia a tentativa da UE - União Européia na busca de um acordo com o MERCOSUL.
Desse jeito, os aviões não decolam e os submarinos vão ao fundo, presidente!

Pensamentos....

Ficha Limpa ou "Limpa" a Ficha?

Vencer a primeira batalha não significa ganhar a guerra. A aprovação pela Câmara do Ficha Limpa(com o possível acordo de não valer para essa eleição), é apenas o primeiro obstáculo superado, muitos outros virão. Que tal pressionar os partidos a assumirem um compromisso público de proibir os seus "fichas sujas" de se candidatarem, agora em 2010?

Pensamentos...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O 13º trabalho de Hércules

A crise da Grécia está apenas começando.
Os 110 bilhões de euros que a UE disponibilizou para evitar a quebra grega- que geraria um "efeito cascata" no grupo de países do euro denominados PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Spain/Espanha) - podem não ser o suficiente.
O "engessamento do câmbio" (a que todos os países da zona do euro estão comprometidos), não permite a desvalorização cambial, o que torna ainda mais difícil a situação.
Embora represente metade de toda a sua dívida, essa ajuda financeira submeterá a Grécia a um controle inviável. O que não for tomado pelo aperto dos cintos e pelo aumento dos impostos, certamente será levado pelo pagamento dos juros da dívida.
As alternativas, com o passar do tempo, vão diminuindo. O problema da Grécia não é um caso isolado e, portanto, não deve ser tratado como um ponto fora do gráfico.
Como a maioria dos títulos soberanos, tanto da Grécia como dos outros países do euro com economia debilitada, estão em poder dos bancos europeus, não é complicado de se imaginar o risco que toda a UE está correndo.
O temor pelo não pagamento das dívidas desses países, promoveria a fuga desse tipo de investimento, levando o valor dos títulos a zero e a uma quebradeira geral.
A tarefa não é fácil.
Na terra de Zeus, que tal chamar o seu filho Hércules para propor o 13ºtrabalho?

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A Oi larga na frente...

Realmente, uma pessoa para se admirar é o Falco. Luiz Eduardo Falco, presidente da OI, além de uma excelente pessoa, é um profissional como poucos.
Braço direito e esquerdo de Amaro Rolim, fundador da TAM, Falco em muito auxiliou o Comandante, na construção daquela que hoje é a maior companhia aérea brasileira. Talvez, tenha até herdado a matreirice e esperteza política de seu mentor, uma reconhecida "raposa" na condução das negociações do mundo empresarial.
A arguta capacidade de observação de Falco, que tanto o auxilia nos negócios, faz dele um criador de oportunidades. Reza a lenda, que a aviação deve a ele, a criação dos chamados "babadores usados nos aviões, que são fixados nas roupas dos passageiros com duas fitas adesivas. A idéia surgiu um dia, trocando a fralda do seu filho, ao observar a maneira como ela era adesivada.
A sua nova "tacada", apresentando a Ministra Chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, o projeto de participação no Plano Nacional da Banda Larga, coloca a OI na liderança de um processo de extremo interesse do governo federal.
A concorrência, tardiamente acordada, começa a atacar com ladainhas, reclamações e protestos.
"Tratamento privilegiado por parte do governo", "...ele foi a primeira pessoa a ficar contra a proposta e agora quer o monopólio de serviço público".
O governo, na tentativa de colocar "panos quentes" e preservar a sua posição de negociador e dono do projeto, afirma estar aberto a conversas com todas as empresas do setor.
É claro (sem querer fazer um trocadilho) que muitas propostas e negociações ainda vão acontecer. Quem sabe até um "pool" de empresas.
Mas nesse jogo, a OI já saiu com 1 x 0 e ainda conta com a vantagem do empate.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Lula e os Poderes

"Não podemos ficar subordinados ao que um juiz diz que podemos ou não fazer".

"Não podemos permitir que nosso destino fique correndo de tribunal para tribunal".

Um leitor incauto pode achar que as frases fazem parte de algum discurso do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sobejamente conhecido por seu desrespeito as instituições e leis do seu país, bem como, por sua conduta ditatorial.

Mas, infelizmente, tornaram-se públicas na voz da mais alta autoridade brasileira. Na voz daquele que, por força do cargo que ocupa, deveria ser o primeiro a zelar pelo equilíbrio e respeito entre os poderes constituídos, dando exemplo inequívoco de submissão as leis e a Constituição Brasileira.

Caro presidente, quem diz o que se pode ou não fazer é a lei. Quem cria as leis, representando o interesse do povo, é o Poder Legislativo, em suas instâncias municipais, estaduais e federal. Um juiz apenas julga se elas estão ou não sendo cumpridas, aplicando a punição prevista, no caso da condenação.

O presidente Lula, afeito as frases prontas e ao discurso populista, mostra, não raras vezes, uma faceta extremamente preocupante, a de alguém que não mede os meios para alcançar o objetivo desejado.

O quase desespero em angariar os votos necessários para eleger Dilma, acaba por levá-lo a atos falhos, ou, no mínimo, impensados.

Acima de todos nós, sem distinções, está a Carta Magna, a Constituição Brasileira. Aquela que todo presidente eleito jura defender e obedecer.

Isso é democracia. A mesma democracia que permitiu à eleição de Lula, possibilitando a sempre positiva alternância de poder.

Como bem dito pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, "Nós não temos soberanos. Todos estão submetidos à lei. Todos nós estamos subordinados à Constituição"

sexta-feira, 12 de março de 2010

Fundada a Garçom S.A.

O Senado Federal, em uma demonstração de "sintonia absoluta" com os principais problemas brasileiros, acaba de aprovar a criação, por projeto de lei, da mais rentável empresa brasileira – Garçom S.A.

O projeto aprovado dia 10/03, prevê o aumento da gorjeta, de 10% para 20% (contas fechadas após ás 23:00 hs), para profissionais de bares, restaurantes e similares.
De autoria do senador Marcelo Crivella (PRB), o projeto também passa a incluir a gorjeta nos cálculos trabalhistas – FGTS, férias e 13º.

Claro, dirão os defensores, que como a gorjeta não é obrigatória, ninguém é obrigado a pagar. Que só incide em contas fechadas após as 23:00hs.
Mas, qual é a parcela da população que, passando por cima do constrangimento, não paga hoje os 10% de taxa?
Qual é a proporção de contas fechadas em bares e restaurantes antes e depois das 23:00 hs?
Alguma dúvida sobre a possibilidade dos 20% virar regra geral, não importando o horário?

Claro que sempre é possível você chegar ao seu bar ou restaurante favorito – antes das 23 horas – pedir tudo que vai consumir durante a noite e já mandar fechar a conta, não é?

Partindo do raciocínio que uma empresa que gera um lucro anual entre 18% a 20% é extremamente lucrativa, gerar 20% de lucro líquido faz de qualquer empresa uma mina de ouro.

Mesmo em um mercado em que os números são sempre difíceis de apurar, alguns dados podem ser usados para dar a dimensão do faturamento do setor.

Segundo pesquisa realizada pelo Grupo GfK -a quarta maior empresa de pesquisa de mercado do mundo - hoje, 12% da população brasileira come fora de casa, com um gasto semanal de R$ 67,13 por pessoa.

São vinte e dois milhões e oitocentas mil pessoas gastando R$ 6, 122 bilhões por mês ou R$ 73,4 bilhões por ano. Esse valor anual é maior que os R$ 58,5 bilhões que são gastos com vestuário confeccionado e os R$ 32,9 bilhões com mobiliário e artigos do lar (fonte Target).

Não está incluído nesses valores o faturamento dos bares e assemelhados.

Portanto, considerando o resultado de R$ 73,4 bilhões gastos com refeições, a nova gorjeta poderá gerar um faturamento de R$ 14,6 bilhões anuais.
Como comparação,o Banco do Brasil, melhor resultado entre os bancos brasileiros, apresentou um lucro de R$ 10 bilhões em 2009.

Poderá gerar? Sim, porque o tiro pode sair pela culatra. A revolta contra os novos valores provavelmente fará com que a grande maioria dos consumidores deixe de pagar à atual e a nova taxa aprovada.

A manifestação dos garçons a semana passada, em frente ao Congresso Nacional, reivindicava simplesmente o recebimento dos 10% da gorjeta, não o seu aumento. Como é sabido, os 10% atuais servem muito mais para engordar o bolso dos patrões, do que os paupérrimos salários pagos a esses profissionais. Agora 20%??

Qual é a chance de quem já não recebe 10%, passar a receber 20%?

Lembra a história de um diretor, recém empossado no comando de uma equipe comercial, que ao constatar o desânimo do pessoal, que já estava a um bom tempo sem receber salário, chama o líder dos vendedores para uma "injeção de moral" em sua sala.

"Olha, Carlos, estava examinando o seu histórico na empresa e constatei que você ganha R$ 3 mil reais por mês. Acho que isso é muito pouco para uma pessoa com as suas qualificações. Portanto, á partir do mês que vem, o seu salário passa a ser de R$ 6 mil reais!"

"Chefe, não querendo parecer mal agradecido, vou recusar esse aumento".

"Mas como? Você recusa o aumento?".

"Recuso sim. Veja bem, R$ 3 mil eu aguento ficar sem receber, mas com R$ 6 mil eu quebro!"

segunda-feira, 8 de março de 2010

O Caminha estava certo

" Porém a terra em si é de muitos bons ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem".

1 de maio de 1500 - Pero Vaz de Caminha

Caminha, bravo escriba da esquadra portuguesa de Pedro Alvares Cabral, com pouco mais de uma semana em nossas terras,já previa a vocação que o Brasil possuía para se transformar em um dos grandes provedores de alimentos do mundo.
Hoje, quase quinhentos e dez anos depois, o vaticínio mais uma vez é confirmado.
O Brasil acaba de se tornar o 3º maior exportador de produtos agrícolas do mundo. Com exportações na casa dos U$ 61,4 bilhões de dólares, derruba o Canadá que exportou U$ 54 bilhões para a quarta colocação, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da União Européia.E olha que isso não é pouco!
Com uma área territorial de 9.984.670 km², o Canada é a quarta maior área arável do mundo, perdendo apenas para a Rússia (17.075.400 km²), para a China (9.596.960 km²) e para os Estados Unidos (9.629.091 km²). O Brasil ocupa apenas a quinta posição no ranking, com uma área territorial de 8.514.876 km².
O crescimento das exportações agrícolas brasileiras, nos últimos oito anos, tem apresentado taxas surpreendentes - 18,6% contra 11,4% da União Européia e 8,4% dos Estados Unidos.
Muito desses resultados devem ser creditados ao brilhante trabalho de empresas como a Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, que com suas pesquisas tem tido um papel fundamental no aumento dos nossos índices de produtividade. Nos últimos vinte anos, o crescimento da produtividade brasileira suplantou em quase três vezes o crescimento das áreas plantadas.
A soja e a carne se tornaram os grandes vetores da expansão das exportações agropecuárias do Brasil.
Claro, que o aumento da demanda asiática e um cambio favorável ajudaram muito a nossa performance, mas acima de tudo (como anteviu Caminha), os chamados recursos naturais - a qualidade do solo, o clima e a água farta - fizeram a sua parte.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Capitalizando o jogo.

Os títulos de capitalização fecharam o ano de 2009 com um resultado de R$ 10,1 bilhões, um crescimento de 12% sobre 2008.
Segundo Hélio Portocarrero, o diretor da FENACAP - Federação Nacional de Capitalização- "...o brasileiro adquiriu o hábito de guardar dinheiro por meio da capitalização".
Na verdade o hábito que o brasileiro não perdeu é o de jogar, de apostar.
Títulos de capitalização são títulos de crédito comercializados por empresas de capitalização, com foco na formação de capital, mas tendo um viés lotérico, com a inclusão de sorteios de prêmios. Ao final da aplicação o investidor recebe parte do seu dinheiro, acrescido dos reajustes.
O "diferencial" dos prêmios sorteados servem para encobrir as desvantagens do produto em relação a qualquer outra aplicação, perdendo até para as contas de poupança.
As chances de ser sorteado são menores que na loteria federal.
O banco responsável pelas títulos fica, em média, com 15% do valor aplicado, devolvendo somente 85% para o aplicador.
Na maioria dos planos os investidores não podem retirar o dinheiro antes do prazo
(normalmente um ano), com isso,os bancos auferem todos os juros do capital, repassando apenas uma menor parte na hora do resgate. A antecipação do resgate fora do prazo acertado gera uma penalidade de até 10% do valor aplicado.
Faça uma experiência. Quando o gerente do seu banco vier lhe oferecer um título de capitalização( eles sempre oferecem), pergunte qual será o rendimento anual sobre o capital investido. A próxima pergunta que você deve fazer é qual a taxa de juros anual cobrado pelo cheque especial. A diferença, somada aos 15% retido na aplicação, é quanto o banco estará ganhando com o seu dinheiro investido.
Para se ter uma idéia, a atual taxa de juro mensal do cheque especial é de 8,79%, ou seja, 174,74% ao ano.
Por mais absurdo que possa ser o resultado, os títulos não são ilegais. A midia está recheada dos anuncios da TeleSena, OuroCap e tantos outros. São regulados e administrados pela SUSEP - Superintendência Nacional de Seguros Privados, autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda.
Caso você seja uma dessas pessoas que querem poupar, mas tenha uma compulsão enorme pelo jogo, a sugestão que fica é: coloque 85% do seu dinheiro na poupança e jogue os outros 15% na loteria federal.O seu ganho com certeza vai ser muito maior.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Grécia e o Euro. Um presente de grego?

A atual crise do euro, que coloca em risco a viabilidade de uma moeda comum européia, tendo a Grécia como principal destaque, atingindo ainda fortemente o grupo de países intitulado PIIGS - Portugal,Irlanda,Itália, Grécia e Espanha (Spain)-, teve, de fato, origem na própria formação.
Colocar países - que não estão no mesmo estágio de amadurecimento industrial, político, financeiro e econômico - em uma mesma cesta, ditando regras e metas comuns à todos, é tão temerário como entrar em um jogo de poquêr com cacife pequeno e enfrentar jogadores sem limites para gastar. Primeiro você gasta as suas fichas, depois se endivida para acompanhar o jogo dos seus adversários, tentando adiar o fim que é inevitável,a quebra da sua banca.
E para comprovar essa verdade, 12 dos 16 países europeus que utilizam o euro como moeda, estão sob investigação por déficits enormes em suas contas.
Reformas estruturais, demandas e consumos internos em diferentes estágios, mão de obras com fatores de correções distintos, índices de produtividade desbalanceados, tudo isso acabou gerando custos de produção de bens e serviços diferenciados. Uns países exportando muito e outros pouco.
Menores custos, maiores exportações. Vendas em alta, maior entrada de recursos, maior produção, diminuição de custos, exportação crescendo - o círculo virtuoso.
Agora com uma moeda única, não resta a alternativa - aos países menos favorecidos, de desvalorizar a sua própria moeda na tentativa de melhorar a competitividade dos seus produtos (tática aliás muito usada pela China, que ao manter a sua moeda desvalorizada em relação ao dolar, consegue manter o preço dos seus produtos muito abaixo daqueles praticados pelos principais produtores do mundo).
Assim, aqueles países que no início estavam em melhores condições, conseguiram fazer a lição de casa melhor e aumentaram ainda mais a distância dos outros, tornando a desigualdade um fato consumado.
A bomba está armada, cabe a o belga Herman Van Rumpuy - atual presidente da União Européia- convocar os demais integrantes e tentar desarmá-la.
A saída?
É política. É dar o real sentido ao nome União Européia. Não um grupo, mas uma união verdadeira. É enxergar as diferenças e aplainá-las em um esforço comum.
Não se tornam países e - principalmente - economias, iguais por decreto. Não se dá a largada a uma corrida, sem antes aguardar que todos os carros estejam alinhados no grid.
A Grécia é apenas o sintoma. Que seja tratada a doença.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Caçambas e outros entulhos

O princípio de toda boa convivência é respeitar o espaço do outro, sempre.
Um regra raramente aceita pelo ser humano, que parece ter adotado a "lei de Gérson" como lema de vida. A preocupação com o bem estar coletivo é abandonada pela vontade individual.
Leis e mais leis são criadas para serem descumpridas, burladas ou até mesmo esquecidas.
Para que uma lei tenha força e seja respeitada precisa ser fiscalizada, as suas infrações prontamente punidas. A falta da punição leva a lei ao descrédito.
Os exemplos estão por aí, ao alcance dos nossos olhos, basta uma simples caminhada por qualquer rua do nosso próprio bairro. Cadeiras e mesas colocadas por bares em vias públicas, o som alto do vizinho do lado, latinhas de cerveja e pitucas atiradas na calçada, carros em fila dupla, o lixo mal acondicionado a espera da próxima chuva, enfim, uma enorme demonstração de desrespeito as leis e as normas de civilidade.
Recentemente vimos na televisão o destino dado ao entulho retirado por caminhões, das obras que estavam sendo realizadas no Parque Villa Lobos,de administração do governo do Estado, na zona oeste da capital.
Ora, se o governo larga o seu entulho no terreno público, porque eu não posso jogar, em qualquer esquina, esse sofázinho velho?
Mais uma vez, o "Gerson" entra em campo (maldita hora que um dos maiores jogadores do futebol brasileiro resolveu fazer aquele comercial!).
Um outro exemplo da lei "eu resolvo o meu lado, você que se vire!", está no absurdo sistema de recolhimento de entulhos através de caçambas.
O Decreto nº 46.594 - 3 de novembro de 2005, assinado pelo então prefeito José Serra,
que regula a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição final dos chamados resíduos inertes, deve ser um dos campeões do desrespeito.
Senão vejamos:

Art. 13 - os resíduos sólidos inertes coletados e transportados pelos autorizatários somente poderão ser destinados aos locais devidamente licenciados pelos orgãos competentes...

De acordo com o que vimos no caso dos caminhões do Villa Lobos, aquele terreno na esquina de uma via pública, talvez seja "licenciado", certo?

Art.18 - o período de permanência máximo de cada caçamba em vias públicas é de 72 horas....

As caçambas permanecem tanto tempo nas ruas, que muitas vezes são usadas até por outras obras, "clandestinas" ao contrato, que na calada da noite despejam os seus entulhos.

Art.20 - A colocação de caçambas para coleta de resíduos inertes no leito carroçavel da via, somente será permitida quando não for possível sua colocação nos recuos frontal ou lateral da testada do imóvel....

Quantas caçambas, que caberiam perfeitamente dentro da área do imóvel em reforma, você já não viu colocadas na via pública, promovendo transtornos enormes no já caótico trânsito paulistano?

Para completar, a lei que determinou horários específicos para o deslocamento de caminhões em São Paulo, fez com que a retirada dessas caçambas só possa ser realizada entre a noite e a madrugada - o mesmo novo horário dos caminhões de lixo - acrescentando mais uma perturbação ao já sofrido sono dos habitantes de São Paulo.

E aonde está a fiscalização?
Com certeza dormindo, afinal, ninguém é de ferro!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A Força Pública do Serra

Será que se o governador do Distrito Federal José Arruda passasse a se chamar São Francisco de Assis, ele se desfaria de todas as suas riquezas terrenas e sairia distribuindo bondades pelo mundo?
Provavelmente não, afinal, quem nasceu para Ali Babá não perde nunca o gosto pelo butim - nem a companhia dos quarenta amigos.
Buscando a mesma linha de raciocínio,mas, não querendo semelhanças com o exemplo acima, a mudança do nome da Polícia Militar de São Paulo em Força Pública não fará dela um padrão de conduta e comportamento.
A Proposta de Emenda Constitucional, encaminhada à Assembleia Legislativa pelo governador José Serra, precisará mais que os dois terços de votos dos deputados para ser aprovada pela população. Necessitará de uma real mudança de postura e comportamento, tanto de seus componentes como do próprio governo.
Antes de tudo, uma avaliação profunda, que separe e exclua do seio da corporação, todos aqueles que não usarem os uniformes respeitando seus valores e princípios, preservando e garantindo os direitos do homem,do cidadão e da comunidade.
Treinamento, motivação e valorização são os passos seguintes. Uma remuneração apropriada, que permita viver com um mínimo de dignidade, sem a necessidade da carga extra dos chamados "bicos" ou, o que é pior, a conivência com o crime que eles mesmos deveriam coibir.
Aí talvez, possamos ter de volta aquela polícia, que os mais antigos - como eu - conheceram ainda sob o nome de Força Pública. Homens que faziam parte da comunidade em que estavam inseridos.
Uma nova polícia, respeitada pela população e conseguindo alcançar os mesmos padrões de admiração que seus irmãos bombeiros.
Mas para isso, a real força que esses policiais necessitam hoje é a força política, aquela que permite transformar e criar o novo. Aliás, a mesma força que tanto tem feito falta aos nossos professores - carentes, despreparados e desmotivados.
Atingindo esses objetivos o nome não será o mais importante. Quem sabe possamos chamá-la até de Força Amiga, ou até mesmo - Guarda Pública - ficando assim claro quem deveria ser o alvo da sua proteção.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

MST-Um caso de polícia

A chamada Operação Laranja levada a cabo pela Polícia Civil de São Paulo - essa semana - apresentou um saldo muito maior que a prisão de nove pessoas ligadas ao Movimento dos Sem Terra.Deixa clara a diferença entre o discurso do Movimento e as sua ações de fato.
A invasão da Fazenda Cutrale - sim, aquela mesma com o trator destruindo pés de laranja - pelo depoimento dos líderes do MST era a tomada de posse de uma área pública que havia sido invadida por uma empresa privada. A eles não importava o fato do processo ainda estar sendo discutido na justiça, sem ganho de causa para nenhum dos lados. Julgaram, condenaram e executaram a sentença.
Para os que viram as imagens da invasão pelos telejornais, tudo não passou de barbárie, depredação e roubo.
A prisão dessas nove pessoas veio corroborar aquilo que a televisão mostrou.
Foram aprendidas com membros dessa quadrilha armas - inclusive de uso restrito - defensivos agrícolas, fertilizantes, ferramentas, documentos e aparelhos eletrônicos roubados da Cutrale. Um autêntico butim.
Não pensem que isso tudo não estava armazenado naquelas barracas de lona dos assentados,mas sim, na posse e uso dos mentores desse crime, líderes do MST, incluindo-se aí até uma vereadora e um ex-prefeito do PT.
Formação de quadrilha, furto, dano qualificado e esbulho possessório são as acusações que esses marginais irão responder.
Mais uma vez fica exposta a verdadeira face desse movimento. Inúmeras invasões e destruições de propriedades privadas e públicas (lembram-se da invasão do Congresso?), desmandos e desrespeito as leis brasileiras.
Não adianta o coordenador nacional de área dos movimentos sociais do PT, o ex-deputado Renato Simões, chamar toda a ação da polícia conduzindo os presos algemados de "espetacularização" ou "show pré eleitoral".
O vídeo - mostrado em todos os telejornais noturnos - com o coordenador regional do MST, Miguel da Luz Serpa (um dos arrestados ao cárcere), convocando os invasores a promover a destruição, ao "dar prejuízo", deixou clara as intenções da quadrilha.
Quando será que o governo vai tomar uma atitude definitiva a esse verdadeiro desrespeito as leis e a Constituição?
Os menos afortunados teem sim o justo direito de plantar o seu pedacinho de chão, de buscar a sua sobrevivência, mas, o que não é concebível, é que esse direito seja exercido sobre os direitos de outros. Não podemos aceitar que em nome desse direito, seja permitido o roubo, o saque, a destruição.
Está na hora de colocar um freio em tudo isso, de garantir o soberano direito à propriedade.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O oráculo da IBM

Alguns dados retirados da mensagem de fim de ano da IBM demonstram o quanto o mundo está cada vez mais dependente da tecnologia e da informática. Coloca também em perspectiva, através de números e percentuais, quanto essa dependência pode transformar a nossa visão do futuro da humanidade. Aqui vão algumas preciosidades:

Possibilidades do futuro

-Estima-se que a quantidade de nova informação gerada no mundo esse ano é maior do que a acumulada nos últimos 5.000 anos.

-Estudos prevêem que em 2010 o conhecimento humano dobrará a cada 72 horas.

-Em 2022 a capacidade do computador excederá a do cérebro humano. Em 2050 é possível que um computador de apenas U$ 1000 exceda a capacidade computacional da espécie humana.

O amor em tempos digitais

Em 2009, nos EUA, um em cada oito casais se conheceram pela internet.

A nova comunicação

-O número de mensagens de textos transmitidas por dia excede a população do planeta.

Planetas digitais

-O MySpace possui 160 milhões de usuários e o Orkut 50 milhões. Se fossem países, MySpace seria o 11º e o Orkut o 24º maiores do mundo.

A nova língua

-Hoje existem cerca de 540.000 palavras na língua inglesa. Isso representa 5 vezes mais do que na época de Shakespeare.

A curiosidade humana

-2,7 bilhões de perguntas são feitas ao Google por mês (a quem eram feitas essas perguntas antes?).

O ensino e as profissões

-As 10 profissões que serão indispensáveis em 2010 não existiam em 2004.

-Preparamos estudantes para profissões que ainda não existem, para tecnologias que ainda não foram inventadas.

As relações de trabalho

-A previsão da ONU é que os estudantes de hoje passarão por 10 a 14 empregos até os 38 anos.

-Nos EUA mais da metade dos profissionais trabalha a menos de cinco anos na mesma empresa.

-Nos EUA somente 25% dos profissionais permanecem na mesma empresa por mais de um ano.

A inteligência dos povos

-A população mundial é de 6,6 bilhões de pessoas. A China com 20% e a Índia com 17% representam 1/3 da população da Terra.
Considerando-se apenas 16% dos mais inteligentes da Índia ou 14% dos mais inteligentes da China, teríamos mais pessoas inteligentes nesses países que toda a população do Brasil.

E então, gostaram?

Com tudo isso o "Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley acabou se transformando na mais provinciana cidade do interior brasileiro.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Erundina, um exemplo para muitos

Essa semana,amigos, partidários e simpatizantes de Luiza Erundina conseguiram arrecadar uma quantia suficiente, para que a deputada federal (PSB) quitasse a dívida de R$ 352 mil reais, em virtude da sua condenação em ação popular.
Erundina foi condenada por uso de dinheiro público para financiar publicações manifestando apoio à greve geral de 1989, quando era prefeita de São Paulo.
Mais que um ato de solidariedade, a chamada "vaquinha" traz um pouco de justiça a essa guerreira.
Socióloga de formação, natural de Uiraúna - sertão da Paraíba, Erundina chegou em 1971 à São Paulo, iniciando o seu trabalho junto as populações carentes das periferias, na sua grande maioria nordestinas. Foi uma das fundadoras do PT, sendo eleita pelo partido a vereadora em 1982, a deputada estadual em 1986 e a prefeita de São Paulo em 1988.
Na disputa pela prefeitura de São Paulo, com 29,84% dos votos (naquela época não havia segundo turno nas eleições municipais) venceu Paulo Maluf, que ocupava então a liderança em todas as pesquisas de intenção de voto.
Uma batalhadora das causas sociais formou - em nome do PT, um dos primeiros governos reconhecidamente do povo. A pluralidade e capacidade de seu secretariado podia ser medido por nomes como Marilena Chauí - Cultura, Paul Singer -Planejamento e Paulo Freire - Educação.
E o mesmo partido que ela ajudou a fundar e a conquistar - pela primeira vez, uma prefeitura da importância da capital paulista, lhe causou provavelmente a maior decepção da vida pública. O partido queria fazer uma prefeitura para atender os objetivos do PT e Erundina queria governar para o povo de São Paulo. A separação foi inevitável. Erundina seguiu para o PSB, sendo eleita e reeleita pelo partido a deputada federal pelo estado de São Paulo.
Ao pagar a dívida resultante da correta ação sofrida, Erundina dá um novo exemplo da sua conduta política. Errou, pagou.
Quantas centenas de políticos já foram processados e condenados, tendo que devolver aos cofres públicos as quantias indevidamente usadas? Quantos realmente devolveram?
Erundina havia penhorado seus bens, como forma de garantir o pagamento da dívida. Total de suas propriedadas após vinte e oito anos de vida pública: um apartamento de 80m² e dois carros usados.
Mais que uma política, Erundina demonstra em cada fala e atitude a sua alma de educadora. A verdadeira fusão da garra e obstinação do nordestino com a suavidade de uma professora.
Ao ser perguntada sobre os caminhos para se resolver o problema crescente da segurança nas principais cidades brasileiras, Erundina saiu-se com a seguinte frase - "Aumentar muros é investir no presente. Educação é investir no futuro!"

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

" Eu quero é me locupletar...."

O Ministério do Turismo assume o primeiro lugar entre os ministérios com maior número de emendas de deputados e senadores. Educação, Cidades e Saúde ficam em segunda, terceira e quarta colocações respectivamente.
Deve ser pelo fato do Brasil ter sido sempre considerado um país com "vocação para o turismo", não importando o grau de educação do seu povo e nem o estado de saúde da população.
Como diria Chico Anísio, na pele de um político corrupto, um famoso personagem da sua imensa galeria de tipos:
" Eu quero é me locupletar! O povo? Quero que o povo se exploda!"
É a ficção imitando a vida.