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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Professor, uma profissão sem futuro?

Uma matéria publicada pelo Estado de São Paulo - edição do dia 20 de junho, caderno Vida – serviu para que lembranças me conduzissem a uma pequena viagem ao passado, tempos de estudante.

Tabulando dados obtidos através do questionário Prova Brasil 2009, o jornal apresentou uma importante
fotografia sobre como os professores das escolas públicas brasileiras vêem a educação e o resultado do ofício de ensinar.
A pesquisa, focada na faixa do 5º e 9º ano do ensino fundamental, aponta, segundo respostas dos professores, as razões que levam ao baixo rendimento dos alunos do ensino público.

Nos cinco primeiros lugares estão:

Pouca assistência da família nas tarefas 68,9%

Falta de interesse e de esforço do aluno 65,6%

Meio em que o aluno vive 61,2%

Nível cultural dos pais 56,5%

Baixa autoestima dos alunos 51,7%

Na parte inferior da tabela aparecem em 9º os baixos salários e em 12º o conteúdo curricular inadequado.
Mais que uma inversão de valores, a pesquisa parece indicar que para os professores, os verdadeiros
culpados pela péssima qualidade de ensino brasileira são os alunos e suas famílias.
Não que essa geração de pais “pós palmadas no bumbum” não tenha transferido para a escola toda a responsabilidade da educação dos seus filhos (fator muito mais presente nas escolas particulares).
Existe certa omissão com certeza, mas, a questão é muito maior que isso.
A falta de investimentos significativos em educação por parte dos governos federais, estaduais e municipais,
os baixos salários pagos aos professores, a falta de programas adequados para a formação desses profissionais, o descaso e o sofrimento com que sempre foram tratados acabaram por remover os ideais e os valores de toda a classe docente.

Os que insistem em abraçar a profissão estão, infelizmente, na sua grande maioria, ou desmotivados ou despreparados para para exercer o seu trabalho.

Foi-se o tempo em que professores e gerentes do Banco do Brasil freqüentavam os sonhos de todas as moças casadoiras.

Quantos de nós, que fizemos o ensino básico em escolas públicas, não encontramos professores
de matérias insuportáveis ou incompreensíveis aos nossos olhos e que pelo carisma e didática desses mestres, passaram a ser nossas preferidas. Quantos conselhos e quantos exemplos. Os salários já eram miseráveis, mas havia muita paixão pelo ofício que sempre teve como meta cuidar do bem mais precioso do ser humano, o seu futuro.

Só que nem o mais profundo dos amores pode resistir a tanto descaso, a tanta humilhação.

Obrigados a cumprir uma jornada de trabalho exaustiva de até três períodos, sem condições de poderem buscar um aperfeiçoamento, não encontram a valorização merecida, trabalhando por salários que em muitas regiões do país chega a ser menor que o mínimo.

Resta o desanimo, o abandono, o desespero de cruzar os braços e desistir da luta.

Na vida, como na educação, sempre é tempo para aprender, para mudar, para fazer um novo futuro.

O Brasil, país do futuro como sempre foi conhecido, na verdade sempre foi o país do presente.

Talvez porque o futuro não dá voto hoje e se o futuro a Deus pertence, ele que cuide da sua obrigação, não é?.

Enquanto o governo fingir que paga um salário justo e digno e os professores fingirem que ensinam, a

grande vítima continuará sendo o aluno, ou melhor, nosso futuro.







sexta-feira, 15 de junho de 2012

Entre o Discurso e a Realidade



A presidenta Dilma Rousseff deve anunciar mais um pacote de medidas econômicas - no valor de R$ 10 bilhões em investimentos - como mais uma “ferramenta anticíclica contra a crise internacional”, denominação dada pelos interlocutores do governo.

No bojo do pacote está o barateamento do financiamento dos investimentos em infraestrutura, tendo como principais intermediários o BNDES e o Banco do Brasil.

O inconformismo governamental reside no fato de que apesar de todos os investimentos liberados, a nossa economia continua paralisada.

Não reage a toda medicação empregada e parece não se emocionar nem mesmo com o enorme volume de mídia utilizada.

O real problema não está no remédio e sim na separação abissal entre o discurso do governo e a dura realidade constatada pela maior parte do empresariado, principalmente os pequenos e médios, que não conseguem chegar nem perto dos tão necessários financiamentos.

Em sua grande maioria atolados em empréstimos a juros escorchantes, os empresários tinham a esperança de repactuarem suas dívidas com taxas menores e prazos maiores, o que garantiria o respiro mínimo para a sobrevivência do negócio.

Não é o que realmente acontece.

Um conhecido meu, dono de uma empresa que sempre gravitou entre a pequena e média, estimulado por toda a propaganda oficial, munido das melhores boas intenções, foi à luta em busca da salvação da sua lavoura.

Quem melhor que o Banco do Brasil para oferecer essa ajuda tão necessária?

Foi o início do calvário.

Após a entrega de toda a documentação exigida, e bota documentação nisso, aguardou mais de dois meses para que o banco fizesse todas as avaliações necessárias. Isso, levando-se em conta que o patrimônio pessoal dele e de seu sócio, comprovado pelas declarações de imposto de renda, era cinqüenta vezes maior que a quantia solicitada.

Após todas idas e vindas bancárias, é convocado pelo gerente do banco que, visivelmente acabrunhado, informa que conseguiu aprovar um limite de apenas quinze por cento do empréstimo pedido.

O empresário ainda tenta argumentar, afinal o seu patrimônio era a garantia de toda a operação de repactuação da divida, uma operação praticamente sem riscos, absolutamente dentro das exigências alardeadas em todos os comunicados publicitários do governo. Nada adiantou.

O máximo que conseguiu obter do gerente do Banco do Brasil foi a promessa que após um ou dois anos de relacionamento com o banco, o limite de crédito poderia ser expandido.

Aí chega o governo e pergunta por que a economia continua estagnada. Pode?

Um ou dois de relacionamento?

O difícil de acreditar na promessa do paraíso e saber que para chegar lá tem que morrer antes.




quinta-feira, 14 de junho de 2012

Texas Saloon

É muito cômodo transferir para os donos dos restaurantes toda a responsabilidade pela segurança dos seus clientes. Não se trata de eximi-los da obrigação de zelar pela clientela, mas acreditar que o cumprimento de todas as determinações defensivas que deverão constar nos laudos que serão preparados pela Polícia Militar, irão fazer com que os arrastões acabem é muita inocência.

Sem um planejamento sério da Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, sem uma sintonia fina com os órgãos municipais de segurança, sem planejamento e investimentos adequados, aliados a um melhor preparo dos nossos policiais, estaremos muito próximos do caos.

Assaltos, roubos, seqüestros relâmpagos, arrastões em prédios e no comércio estão cada vez mais presentes na mídia e na vida dos cidadãos paulistas.

Já passou da hora das autoridades civis, policiais e judiciárias darem um basta.

Chega do empurra – empurra com cada parte se eximindo da sua responsabilidade.

Achar que cada dono de restaurante e morador dessa cidade deve cuidar da própria segurança, é inverter completamente a questão.

Acabaremos voltando aos tempos dos saloons, onde cada dono contratava seus próprios pistoleiros para cuidar da proteção.