sexta-feira, 15 de junho de 2012
Entre o Discurso e a Realidade
A presidenta Dilma Rousseff deve anunciar mais um pacote de medidas econômicas - no valor de R$ 10 bilhões em investimentos - como mais uma “ferramenta anticíclica contra a crise internacional”, denominação dada pelos interlocutores do governo.
No bojo do pacote está o barateamento do financiamento dos investimentos em infraestrutura, tendo como principais intermediários o BNDES e o Banco do Brasil.
O inconformismo governamental reside no fato de que apesar de todos os investimentos liberados, a nossa economia continua paralisada.
Não reage a toda medicação empregada e parece não se emocionar nem mesmo com o enorme volume de mídia utilizada.
O real problema não está no remédio e sim na separação abissal entre o discurso do governo e a dura realidade constatada pela maior parte do empresariado, principalmente os pequenos e médios, que não conseguem chegar nem perto dos tão necessários financiamentos.
Em sua grande maioria atolados em empréstimos a juros escorchantes, os empresários tinham a esperança de repactuarem suas dívidas com taxas menores e prazos maiores, o que garantiria o respiro mínimo para a sobrevivência do negócio.
Não é o que realmente acontece.
Um conhecido meu, dono de uma empresa que sempre gravitou entre a pequena e média, estimulado por toda a propaganda oficial, munido das melhores boas intenções, foi à luta em busca da salvação da sua lavoura.
Quem melhor que o Banco do Brasil para oferecer essa ajuda tão necessária?
Foi o início do calvário.
Após a entrega de toda a documentação exigida, e bota documentação nisso, aguardou mais de dois meses para que o banco fizesse todas as avaliações necessárias. Isso, levando-se em conta que o patrimônio pessoal dele e de seu sócio, comprovado pelas declarações de imposto de renda, era cinqüenta vezes maior que a quantia solicitada.
Após todas idas e vindas bancárias, é convocado pelo gerente do banco que, visivelmente acabrunhado, informa que conseguiu aprovar um limite de apenas quinze por cento do empréstimo pedido.
O empresário ainda tenta argumentar, afinal o seu patrimônio era a garantia de toda a operação de repactuação da divida, uma operação praticamente sem riscos, absolutamente dentro das exigências alardeadas em todos os comunicados publicitários do governo. Nada adiantou.
O máximo que conseguiu obter do gerente do Banco do Brasil foi a promessa que após um ou dois anos de relacionamento com o banco, o limite de crédito poderia ser expandido.
Aí chega o governo e pergunta por que a economia continua estagnada. Pode?
Um ou dois de relacionamento?
O difícil de acreditar na promessa do paraíso e saber que para chegar lá tem que morrer antes.
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