Uma matéria publicada pelo Estado de São Paulo - edição do dia 20 de junho, caderno Vida – serviu para que lembranças me conduzissem a uma pequena viagem ao passado, tempos de estudante.
Tabulando dados obtidos através do questionário Prova Brasil 2009, o jornal apresentou uma importante
fotografia sobre como os professores das escolas públicas brasileiras vêem a educação e o resultado do ofício de ensinar.
A pesquisa, focada na faixa do 5º e 9º ano do ensino fundamental, aponta, segundo respostas dos professores, as razões que levam ao baixo rendimento dos alunos do ensino público.
Nos cinco primeiros lugares estão:
Pouca assistência da família nas tarefas 68,9%
Falta de interesse e de esforço do aluno 65,6%
Meio em que o aluno vive 61,2%
Nível cultural dos pais 56,5%
Baixa autoestima dos alunos 51,7%
Na parte inferior da tabela aparecem em 9º os baixos salários e em 12º o conteúdo curricular inadequado.
Mais que uma inversão de valores, a pesquisa parece indicar que para os professores, os verdadeiros
culpados pela péssima qualidade de ensino brasileira são os alunos e suas famílias.
Não que essa geração de pais “pós palmadas no bumbum” não tenha transferido para a escola toda a responsabilidade da educação dos seus filhos (fator muito mais presente nas escolas particulares).
Existe certa omissão com certeza, mas, a questão é muito maior que isso.
A falta de investimentos significativos em educação por parte dos governos federais, estaduais e municipais,
os baixos salários pagos aos professores, a falta de programas adequados para a formação desses profissionais, o descaso e o sofrimento com que sempre foram tratados acabaram por remover os ideais e os valores de toda a classe docente.
Os que insistem em abraçar a profissão estão, infelizmente, na sua grande maioria, ou desmotivados ou despreparados para para exercer o seu trabalho.
Foi-se o tempo em que professores e gerentes do Banco do Brasil freqüentavam os sonhos de todas as moças casadoiras.
Quantos de nós, que fizemos o ensino básico em escolas públicas, não encontramos professores
de matérias insuportáveis ou incompreensíveis aos nossos olhos e que pelo carisma e didática desses mestres, passaram a ser nossas preferidas. Quantos conselhos e quantos exemplos. Os salários já eram miseráveis, mas havia muita paixão pelo ofício que sempre teve como meta cuidar do bem mais precioso do ser humano, o seu futuro.
Só que nem o mais profundo dos amores pode resistir a tanto descaso, a tanta humilhação.
Obrigados a cumprir uma jornada de trabalho exaustiva de até três períodos, sem condições de poderem buscar um aperfeiçoamento, não encontram a valorização merecida, trabalhando por salários que em muitas regiões do país chega a ser menor que o mínimo.
Resta o desanimo, o abandono, o desespero de cruzar os braços e desistir da luta.
Na vida, como na educação, sempre é tempo para aprender, para mudar, para fazer um novo futuro.
O Brasil, país do futuro como sempre foi conhecido, na verdade sempre foi o país do presente.
Talvez porque o futuro não dá voto hoje e se o futuro a Deus pertence, ele que cuide da sua obrigação, não é?.
Enquanto o governo fingir que paga um salário justo e digno e os professores fingirem que ensinam, a
grande vítima continuará sendo o aluno, ou melhor, nosso futuro.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
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