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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Qual é o seu time?

No meu tempo de garoto, as únicas coisas que seguiam junto aos campos de futebol, além da paixão pela sua equipe, eram o radinho de pilha e o trocado para o sorvete ou amendoim. Não havia essa coisa deseparar torcidas. Corintianos, palmeirenses, são paulinos ou santistas, todos sentávamos juntos e a gozação era geral, fazia parte do divertimento comum.
Lembro-me que a primeira vez que vi a separação de torcidas foi em um jogo em Campinas. O jogo era entre a Ponte Preta e o Guarani e confesso que o fato me causou muita estranheza.
Não fazia sentido, era separar a brincadeira. Como poderia ir assistir um Palmeiras e Corinthians com meus amigos palmeirenses?
Cada um em um setor do estádio? O meu amigo, por ser palmeirense, havia se tornado meu “inimigo”?
Acredito que o futebol começou a perder um pouco da sua magia nesse momento.
O jogo, que sempre tivera como objetivo a diversão e o esporte, havia se transformado em uma guerra.
Perdia o esporte vencia a barbárie.
Os culpados?
Dirigentes, líderes de torcidas organizadas, o poder público que não fiscaliza e pune adequadamente, a polícia que não
revista o público com rigor, cardápio é extenso.
Os estádios não são divãs psiquiátricos, não são templos para exorcizar nossas frustrações pela miséria, pelo desemprego, pela falta de perspectivas oferecidas pelo país. Os jogadores não são gladiadores sanguinários, nem a torcida seu exército
particular.
Quem ganha e quem perde com tudo isso?
Enquanto não exigirmos ações definitivas somos nós.
Somos nós que perderemos nossos filhos nos estádios, nas casas noturnas sem segurança, nas drogas vendidas à céu aberto.
Vamos derrubar tudo para reconstruir o novo.
Palmeirenses e corintianos, flamenguistas e vascaínos, gremistas e colorados, uma verdadeira torcida organizada com
proposta de lutar por um objetivo maior, lutar pela vida.
Vou continuar torcendo. Disposto a vestir qualquer camisa que agasalhe a luta correta.
A luta que traga de volta para os estádios aquele garoto que eu fui, com o radinho de pilha e o troco do sorvete.