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sexta-feira, 11 de junho de 2010

E se a China resolvesse viajar?

Segundo a OMT- Organização Mundial do Turismo, em 2009, a crise mundial e a gripe H1N1 contribuiram para decréscimo do número de turistas viajando pelo mundo. Foram 880 milhões de pessoas, com gastos de U$ 852 bilhões.

Desse total, 42,2 milhões foram turistas chineses, com uma média de gastos de U$ 42 bilhões.

Com uma população na casa dos 1,4 bilhões de pessoas, o número de turistas da China representa apenas 3% dos seus habitantes.

Os cinco maiores emissores de turistas do mundo são, respectivamente, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Japão e França. São 268 milhões de pessoas, ou 41% da soma de todos os seus habitantes.

Para brincarmos com os números, se a China tivesse a mesma taxa de emissão (41%), só ela seria responsável por 65% de todo o turismo internacional.

Caso a taxa de emissão da China saltasse de 3% para 15%, o número de chineses viajando pelo mundo seria igual à soma de viagens dos cinco maiores países europeus.

Claro que o poder aquisitivo da população da China está muito abaixo das economias desenvolvidas. Suas dificuldades são proporcionais ao tamanho da sua gente. A grande maioria vive em situação precária e a possibilidade de viagens internacionais está longe de qualquer sonho possível.

Mas o seu crescimento nos últimos anos tem sido frenético e não pode ser desprezado, principalmente pela indústria mundial do turismo.

A França, com 82 milhões de visitantes de todas as origens, primeira colocada no ranking de turismo receptivo, já é o destino preferido pelos chineses, que em 2009 deixaram em terras francesas mais de 158 milhões de euros.
A Europa é responsável por 52,9% do fluxo de turistas no mundo.

O turismo receptivo no Brasil seja pela falta de infraestrutura ou pela insegurança,
gerou em 2009 apenas 5 milhões de turistas - 2,6% da sua população. O Brasil ocupa hoje a 45º posição no ranking receptivo mundial e o 5º lugar nas Américas.

Em 2008, o turismo foi gerou 9,6% do PIB mundial. Segundo a WTTC - World Travel & Tourism Council, o turismo é responsável por 219,8 milhões de empregos no mundo.

Com números dessa grandeza é natural que a preocupação com esse mercado esteja, cada vez mais, presente nas cabeças dos dirigentes mundiais. Entre todos os desafios a enfrentar, a China talvez seja o maior, pois com certeza a China passará a ser de vital relevância nas planilhas do crescimento do turismo no mundo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

A luneta da economia

Após a Grécia, antes mesmo da Espanha e Portugal, parece ser a Hungria a bola da vez.
O anúncio de mais uma dívida impagável, encoberta por balanços e demonstrações financeiras distorcidas, abala ainda mais o equilíbrio do frágil e desvalorizado euro e da Comunidade Comum Européia.
Os EUA tentam a todo custo retomar o rumo da sua economia, ante a perspectiva de anos de possível estagnação.
A China, o novo e poderoso motor da economia mundial, pisa no freio das taxas de crescimento, reduzindo drasticamente seus investimentos, com a iminência do estouro da sua bolha imobiliária.
Os sinais estão claros, a crise mundial não atravessou ainda o seu pior momento. Muitas batalhas ainda serão travadas antes do fim dessa guerra. Parece que só o governo brasileiro ainda não conseguiu enxergar isso.
Sim, nossas reservas até aumentaram para U$ 250 bilhões – sem considerarmos o custo que isso significa para a nossa economia.
Sim, nosso mercado interno tem feito a economia girar – sem levarmos em conta a nossa incapacidade de atender todo o crescimento da demanda.
Sim, os investimentos externos tem se mantido estáveis – sem levarmos em conta que a grande maioria toma o caminho da Bolsa e não da produção.
Ah! O governo anunciou uma diminuição de R$ 10 bilhões no custeio da máquina administrativa e nos investimentos. Um corte na carne como se costuma dizer.
Alguém realmente acreditou nisso?
Para os que acreditaram, a frase do ministro da Educação – Fernando Haddad – “Não haverá cortes”, joga por terra qualquer esperança.
Para o ministro todos os cortes anunciados serão repostos por outras fontes de receita.
A gastança do governo federal com o grande aumento de arrecadação dos tributos da União, gerados pela economia interna aquecida, tem patrocínio garantido.
Considerando-se somente os doze últimos meses, os gastos do governo federal atingiram o mais alto índice já registrados - 18,6% do PIB. No último ano do governo Fernando Henrique, com todas as pressões do ano eleitoral, a taxa foi de 15% do PIB.
Pelo visto o único guardião para conter o aquecimento irresponsável da nossa economia será o Banco Central, utilizando a única arma disponível, o aumento das taxas de juros.
Assim, nosso governo federal continua olhando a situação mundial com a luneta invertida. Desse jeito, os problemas parecem muito mais distante do que realmente estão.