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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Primo da Siemens, culpado ou inocente?

Existe alguma coisa estranha, mas muito estranha mesmo, na demissão de Adilson Primo da presidência da filial brasileira da Siemens.
A alegada "decorrência da descoberta de uma grave contravenção das diretivas da Siemens na sede nacional", pinta de preto o imenso vazio, ou seja, tudo é possível e nada é explicado.
Imediatamente surgiu uma versão, não oficial, divulgada a exaustão por todos os meios de informação, que Primo teria desviado 7 milhões de euros da Siemens, entre 2005 e 2006, para uma conta pessoal na Europa.
Esse seria mesmo o motivo?
Sob a batuta de Primo na presidência, a Siemens viu seu faturamento crescer mais de quatro vezes. Seus trinta e cinco anos de trabalho na companhia, além da experiência adquirida, deram a Primo um nível de informações e conhecimentos como muito poucos conseguiram alcançar.
Seriam 7 milhões de euros suficientes para fazer com que Primo colocasse em risco sua posição e todos os anos de dedicação a Siemens?
Ora, 7 milhões de euros são 7 milhões de euros!
Mas o que representa essa quantia no bolso do mais alto executivo de uma multinacional brasileira?
Para ajudar no nosso raciocínio, vamos aos números.
Em 2009, somente dois dos maiores bancos brasileiros pagaram R$ 500 milhões para seus principais diretores a título de bônus.
Na Vivo, em 2010, o principal posto de comando da companhia recebia R$ 3,1 milhões por ano e seus diretores amealharam algo como R$ 2 milhões de bônus.
Na PDG, no mesmo ano, o bônus médio anual dos diretores foi mais de R$ 4 milhões.
Em 2010, segundo a Towers Watson, uma das maiores consultorias mundiais na área de recursos humanos, em pesquisa com 360 companhias em atividade no Brasil, sendo 82% multinacionais, a remuneração destinada aos seus principais executivos atingiu a marca de R$ 1,7 bilhões.
No comando da Siemens há mais de dez anos, acumulando ano a ano índices de crescimento excepcionais, com bônus condizentes ao desempenho alcançado, certamente não seriam 7 milhões de euros motivos suficientes para tirar Primo dos trilhos.
Qual seria o motivo então?
Desfalque, participação da Siemens em concorrências com uso de propinas, inveja pela projeção alcançada pelo profissional. Boatos surgem de todas as partes.
Primo, na sua mineirice de São Lourenço, fecha-se em copas. Talvez até na espera do rumo que a prosa irá tomar, como costumava ouvir pelos botecos de frente para o Parque das Águas, principal atração turística daquela agradável cidade da serra.
Esperando para falar ou para esquecer.

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