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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A miopia da nossa política externa

Paul Krugman, em sua palestra em São Paulo, levantou questões que não devem ser esquecidas ou deixadas de lado.
Pelo ambiente em que foi proferido o discurso, e, pelo momento atual da economia mundial, é natural que o maior impacto, tenha sido, a afirmação de que o fluxo de dólar para o Brasil é uma bolha.
Nosso impetuoso Ministro da Fazenda- Guido Mantega, rapidamente partiu em defesa da sua cidadela ameaçada - “... ele está preocupado, mas tem investimentos no Brasil", levando a questão para um plano muito mais pessoal, do que no campo dos conceitos.
Discussões à parte é claro que a preocupação deva existir.
Esse tipo de investimento acompanha a "moda". Vem rápido e pode ir embora ainda mais depressa.
É preciso entender, que até prova em contrário, o Brasil é passagem desses investimentos, não destino final.
Nós não devemos - nem podemos, nos tornar reféns dessa situação. A generosa entrada de dólares, aliada a um real extremamente valorizado, não é uma situação permanente.
É como uma empresa que tem todo o seu capital de giro, lastreado por empréstimos bancários. Se por algum motivo, os bancos decidirem cortar os créditos e cobrar a dívida, a empresa quebra.
Mas talvez, a questão mais importante levantada por Krugman - por mais que abale o nosso "orgulho nacional", seja a de que o Brasil não será uma superpotência amanhã.
Isso não quer dizer que não venhamos a ser, mas é um alerta para tomarmos cuidado com os passos necessários para chegarmos até lá.
O nosso caminho está apenas começando. Nossos problemas ainda são gigantescos. Educação, Saúde, Trabalho, Infraestrutura e Habitação, há muito a percorrer antes de pleitearmos a posição.
As riquezas do petrosal são ações, cujos dividendos só poderão ser cobrados daqui vários anos.
Não se pode perder a perspectiva das coisas e do momento brasileiro.
Nossas incursões no campo da política e diplomacia mundial mostraram o quanto um erro de avaliação pode ser danoso.
Os casos Honduras/ Zelaya e Irã/ Mahmou Ahmadinejad deixaram claro a distância existente, entre o peso político que possuímos e aquele que o nosso governo acha que temos.
A sabedoria política está em saber qual batalha merece ser disputada e qual não.
O governo não pode se deixar seduzir pelos brilhos do jogo político internacional. É hora de muito juízo e cautela.
Relembrando o imortal Cartola -" ..o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos, tão mesquinho, vai reduzir as ilusões a pó"

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