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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Casamento Aberto na Imprensa Brasileira




“Pela primeira vez na história da imprensa brasileira, dois dos maiores e mais influentes jornais do país...se unem para fazer um produto editorial único...”

Talvez você possa estar pensando que o texto acima faça parte de um release antigo usado para informar o lançamento do Valor Econômico, fruto da parceria da Folha com o Globo.
Pensou errado.
É o trecho de abertura do editorial de Cley Scholz (Estado) e Cristina Alves (Globo) anunciando hoje – dia 15 de outubro - o lançamento conjunto de uma série de cadernos especiais intitulados “Desafios Brasileiros”.
Com uma tiragem de 500 mil exemplares e circulação simultânea nos dois jornais, “Desafios Brasileiros” unirá as duas redações para elaboração de pautas ligadas à Economia, trazendo entrevistas, análises e opiniões de seus colunistas.
Tem a “cara” do Valor, não é?
Assim como um casal que expõe ao público suas mazelas e discussões, a união da Folha e do Globo, através do seu herdeiro Valor Econômico, sempre transpareceu para o mercado passar por momentos de grandes tensões.
A primeira foi quando o Globo comprou o Diário Popular, agora Diário de São Paulo, colocando um novo diário concorrente dentro do próprio território da Folha.
Na segunda cutucou uma das áreas mais “sensíveis” de todos os jornais diários, os classificados. O Globo novamente se une ao Estadão e criam o ZAP -uma plataforma digital que passou a abrigar os classificados dos dois jornais, deixando de fora da festa, mais uma vez, o seu parceiro de negócios.
Com essa nova parceria com o Estadão o Globo não só atingiu a Folha, como também a sua própria metade do Valor, veículo que por suas próprias características já trata dos temas econômicos e políticos em seu dia a dia.
Não faria mais sentido para produção desses cadernos buscar a união do Valor, Globo e Folha?
Como diria minha santa vovozinha, a gente só procura fora o que não esta encontrando em casa, então.....
Agora, se o que motivou essa nova parceria foi o desespero na busca de novas receitas (o que tem provocado os mais absurdos e mirabolantes planos comerciais), pelo que eu pude observar do novo caderno – com apenas dois anunciantes – parece que a traição não compensou o crime.
Como diria o Tufão, personagem vivido brilhantemente por Murilo Benício na novela Avenida Brasil, ao comer um pedaço da carne horrivelmente preparada pela inexperiente cozinheira:

“ Zezé, essa vaca morreu à toa!”

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