" Hoje, peço que me desculpem, mas me permiti escrever um conto.
Um intervalo entre as críticas e análise da vida econômica e política desse país.
Não é auto biográfico, mas um resultado de observações e sentimentos.
Mais do que tudo, é um crédito á vida."CP
Verdadeiros Econtros
Eram 21:30 hs e as ruas do Itaim já haviam trocado de público.
A agitação, o trânsito e o corre corre do dia, cederam lugar para a movimentação dos frequentadores da noite. Casais, grupos de amigos, solteiros e "ficantes", caça e caçadores em busca dos bares e casas noturnas da região.
Era como se a vida trocasse de cenário para um novo elenco de atores, que buscavam suas marcações.
Eu acabara de sair de escritório e no caminho do estacionamento para pegar meu carro, decidi caminhar um pouco, na tentativa de baixar um pouco a tensão que me dominava.
O dia de trabalho havia sido bastante desgastante. A pressão por resultados, a luta por preservar as posições em nossos empregos, fazia de cada um de nós, combatentes de uma guerra não declarada, que encontrava seu campo de batalha, muitas vezes, dentro das fileiras da nossa própria tropa.
No entanto, o que mais me incomodava naquele instante, era a discussão que havia tido pelo telefone com a minha mulher.
As ásperas palavras trocadas ainda ecoavam em minha cabeça. Como se fossem uma marreta, elas continuavam batendo em minha mente, afastando qualquer possibilidade de defesa ou esquecimento.
As reclamações eram recorrentes. Que eu não voltava mais cedo para casa, que o mundo agora estava reduzido somente ao trabalho, que para ela só restava a casa e os filhos. Aonde eu havia escondido o homem por quem ela havia se apaixonado. E, por fim, a pergunta que sempre finalizava a discussão - o nosso amor havia acabado?
Como ela podia fazer uma pergunta dessa, se a pauta de toda a minha vida, sempre foi a de buscar a proteção e a segurança da minha família?
Não seria por outro motivo, que eu aguentava toda a pressão do meu trabalho, os "ataques" e conchavos em busca de um dinheiro cada vez mais difícil.
Não é fácil compatibilizar o idealismo e sonhos da juventude, com metas e resultados de vendas da companhia, somados a uma montanha - sempre crescente, de contas para pagar. Na verdade, nos últimos tempos, minha grande companheira era a insegurança, o medo de não conseguir atingir todos objetivos traçados.
Os sons e risadas de um bar me tiraram dos meus pensamentos. A alegria que reinava na casa era contagiante. Quem sabe não encontraria ali um lenitivo para as minhas angústias?
Escolho uma mesa bem no canto - mesa de observador, de quem quer ver a agitação sem participar. Deposito na cadeira o meu cansaço e peço uma dose de whisky.
O rodar do gelo no copo, provocava um ruído que funcionava como um mantra. Pouco a pouco o alvoroço das conversas dos clientes do bar foram ficando mais distantes.
Não sei quanto tempo fiquei naquele estado letárgico. Alguma coisa começa a me incomodar. Uma sensação de ser observado, de algo ou alguém querendo chamar minha atenção.
Do outro lado da fileira de mesas, encontro a fonte do meu incômodo. Uma mulher me encarando, chamando a minha atenção.
Na verdade chamá-la de mulher, considerando a diferença de idade entre nós, era um exagero.
Deveria ter no máximo vinte e cinco anos, o que comparado aos meus cinquenta e dois, faziam dela uma menina.
Não é comigo pensei, desviando o olhar. Mas ela continuava me olhando fixamente, coisa para não deixar dúvidas.
Devo ter deixado escapar alguma expressão vaga, que ela tomou como incentivo e prontamente se encaminhou em minha direção. Sentou-se na cadeira vazia ao meu lado e começou a conversa, como se fossemos amigos de longa data.
Sua conversa, sua juventude e alegria, seu sorriso desinteressado, começou a me conduzir a um outro mundo, a uma nova realidade. Cada gesto, cada palavra, seu perfume. O meu corpo e alma estavam entregues em uma bandeja. Tudo foi esquecido, nada parecia ter mais importância.
Não sei quanto tempo me deixei levar por essa sensação de intensa alegria. O tempo havia perdido todo o seu sentido, minutos e horas não contavam mais.
O sentimento de poder parecia ter voltado a frequentar as minhas emoções. Ela ouvia tudo o que eu falava como se eu estivesse explicando o significado da vida. Atenta, bebendo cada frase minha como se fosse um precioso licor.
O calor produzido pela proximidade de nossos corpos, a cumplicidade de seu braço apoiado sobre a minha perna, a magia daquele momento, cada vez ficava mais clara a minha entrega.
Por um instante nossas bocas ensaiaram um encontro. Pude até sentir o aroma de hortelã misturado com a vodca que ela estava bebendo.
Quase perguntei aonde ela tinha estado durante todos esses anos. A tempo evitei o vexame, percebendo que provavelmente, durante a metade da minha vida, ela nem nascida era.
Aquela menina me lembrava muito alguém, por mais estranho que pudesse parecer, percebi que a semelhança era com minha mulher.
Era o mesmo envolvimento, a mesma magia, um encantamento despertado há mais de vinte e cinco anos.
Repentinamente, em seus olhos vejo refletida a minha imagem. Não a de hoje, envelhecida e sem brilho. Mas a de vinte, trinta anos atrás. De um jovem a desafiar o mundo, um Don Quixote contra os moinhos de vento.
Tudo fica claro, como se um imensa luz passasse a iluminar um quarto, há muitos anos escuro em minha mente.
Chamo o garçom para acertar a conta. Deposito um beijo de agradecimento na testa daquela menina, que ainda atônita com a minha atitude, não consegue esboçar nenhuma reação.
Ganho a rua e sou recebido pela brisa da noite. Aquele aroma tantas vezes sentido em minha adolescência e juventude. Um aroma que sempre esteve lá,mas que eu tinha perdido a capacidade de sentir.
A consciência e a certeza do que eu tinha que fazer, fez brotar asas em meus pés. Meu corpo flutuava por sobre as calçadas.
Sabia que havia muitas coisas a resgatar. A mulher, os filhos, a casa, os amigos. Acima de tudo e de todos, um era muito especial.
Era preciso resgatar aquele jovem refletido nos olhos da menina do bar. Um jovem que não dependia do corpo físico, mas sim da suas emoções.
Os sonhos e o coração nunca envelhecem.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Os intelectuais e o MST
A matéria publicada sábado passado pelo Estado de São Paulo, com o título de "Intelectuais fazem manifesto contra CPI do MST", é para deixar qualquer um abismado.
A divulgação de um manifesto, assinado por intelectuais brasileiros e do exterior, em defesa do MST - Movimento dos Sem Terra e contrário a CPI, nos faz pensar com quais valores e em que mundo passamos a viver.
Nada contra o justo direito a uma vida digna, a ter o que plantar e comer, a educação e saúde, as oportunidades, que a grande maioria do nosso povo necessita e merece. A discussão aqui é quanto a forma, não o mérito.
Nomes como o do escritor Luiz Fernando Veríssimo, assinam um documento, cujo poder de análise de toda a situação é parcial e absolutamente míope.
Fazendo referência a criminosa invasão e destruição da fazenda da Cutrale, no interior de São Paulo, por integrantes do MST, o manifesto apresenta justificativas que não seriam aceitas em nenhum tribunal do mundo.
"....a derrubada de alguns pés de laranja.". Na verdade por alguns pés de laranja devemos entender 7.000! Isso, sem levar em consideração a destruição de equipamentos e instalações, roubo de motores e peças de tratores e caminhões, roubo de eletrodomésticos e objetos pessoais dos trabalhadores da propriedade. Cenas típicas da Idade Média, quando invasores ao derrotarem seus inimigos, arrasavam suas plantações, saqueando e roubando tudo o que fosse possível carregar.
Tudo "plenamente" justificado pela colocação no texto do documento, de que a "...titularidade das terras é contestada pelo INCRA e pela Justiça".
Mesmo que a Cutrale tivesse perdido a posse da terra - coisa que não ocorreu, isso daria o direito a invasão, saque e destruição cometidos pelas hordas do MST?
Tentar contrapor as imagens da invasão com a "...famílias que vivem em acampamentos precários, desejando produzir alimentos..", é tentar inverter a culpa. Quem é que colocou essas famílias nesses acampamentos, em busca de visibilidade e da pressão política? A quem elas estão servindo?
É essa a lição que devemos ensinar aos nossos filhos? Quando não conseguirem o que desejam é só tomar á força?
Quanto ao governo, é tarefa sua gerar trabalho, saúde e alimento para o seu povo. Cabe a ele cuidar do bem estar da população. A ele tem que ser dirigidas as cobranças. Cobranças dentro da lei e da ordem, não com a invasão e depredação das intalações do Congresso, como já foi feito anteriormente.
Qual seria a reação dos signatários do manifesto, se as suas casas fossem invadidas, seus móveis destruídos e seus bens roubados?
Não vivemos em uma ilha. A busca da igualdade social e do bem estar de todos, mais que uma aspiração social, deve ser o princípio dos governantes e de cada um de nós.
Tudo dentro da ordem, do respeito e da justiça.
Caso contrário, corremos o sério risco de alimentarmos o ódio, a ignorância e a total anarquia, que sempre acaba levando o mundo às guerras e a destruição.
A divulgação de um manifesto, assinado por intelectuais brasileiros e do exterior, em defesa do MST - Movimento dos Sem Terra e contrário a CPI, nos faz pensar com quais valores e em que mundo passamos a viver.
Nada contra o justo direito a uma vida digna, a ter o que plantar e comer, a educação e saúde, as oportunidades, que a grande maioria do nosso povo necessita e merece. A discussão aqui é quanto a forma, não o mérito.
Nomes como o do escritor Luiz Fernando Veríssimo, assinam um documento, cujo poder de análise de toda a situação é parcial e absolutamente míope.
Fazendo referência a criminosa invasão e destruição da fazenda da Cutrale, no interior de São Paulo, por integrantes do MST, o manifesto apresenta justificativas que não seriam aceitas em nenhum tribunal do mundo.
"....a derrubada de alguns pés de laranja.". Na verdade por alguns pés de laranja devemos entender 7.000! Isso, sem levar em consideração a destruição de equipamentos e instalações, roubo de motores e peças de tratores e caminhões, roubo de eletrodomésticos e objetos pessoais dos trabalhadores da propriedade. Cenas típicas da Idade Média, quando invasores ao derrotarem seus inimigos, arrasavam suas plantações, saqueando e roubando tudo o que fosse possível carregar.
Tudo "plenamente" justificado pela colocação no texto do documento, de que a "...titularidade das terras é contestada pelo INCRA e pela Justiça".
Mesmo que a Cutrale tivesse perdido a posse da terra - coisa que não ocorreu, isso daria o direito a invasão, saque e destruição cometidos pelas hordas do MST?
Tentar contrapor as imagens da invasão com a "...famílias que vivem em acampamentos precários, desejando produzir alimentos..", é tentar inverter a culpa. Quem é que colocou essas famílias nesses acampamentos, em busca de visibilidade e da pressão política? A quem elas estão servindo?
É essa a lição que devemos ensinar aos nossos filhos? Quando não conseguirem o que desejam é só tomar á força?
Quanto ao governo, é tarefa sua gerar trabalho, saúde e alimento para o seu povo. Cabe a ele cuidar do bem estar da população. A ele tem que ser dirigidas as cobranças. Cobranças dentro da lei e da ordem, não com a invasão e depredação das intalações do Congresso, como já foi feito anteriormente.
Qual seria a reação dos signatários do manifesto, se as suas casas fossem invadidas, seus móveis destruídos e seus bens roubados?
Não vivemos em uma ilha. A busca da igualdade social e do bem estar de todos, mais que uma aspiração social, deve ser o princípio dos governantes e de cada um de nós.
Tudo dentro da ordem, do respeito e da justiça.
Caso contrário, corremos o sério risco de alimentarmos o ódio, a ignorância e a total anarquia, que sempre acaba levando o mundo às guerras e a destruição.
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segunda-feira, 19 de outubro de 2009
O Senado está de cuecas
Se tem alguém que está precisando com urgência de um "banho" de valores e princípios, é o nosso Senado e seus representantes. Provavelmente, até de uma assessoria de marketing e comunicação, que reescreva - no caso de existir um, o código de ética da casa.
Conchavos, acertos, protecionismo, desvio de verbas, atos secretos, tráfego de influência, nepotismo, subserviência ao poder executivo, pizzas e maracutaias; uma sucessão infinda de desrespeitos as leis e aos eleitores, que entregam seus mandatos, na esperança de serem bem representados.
Como se tudo isso não bastasse, agora resolveram partir para o escracho total, com comportamentos que transformam nosso Senado, em cenário burlesco de um clube de quinta categoria.
Invadido por equipes de programas humorísticos da televisão, o Senado dá uma demonstração explícita de tudo aquilo que deveria evitar.
Deputados e senadores comportando-se como personagens do grande "Circo Brasil" que a casa se transformou.
Por vezes demonstrando o total desconhecimento dos principais temas nacionais, como respostas dignas da "escolinha do profesor raimundo", em outras, ensaiando passos de sedução com apresentadoras vestidas em trajes muito curtos.
Resolveram aderir de tal forma ao espírito desses programas, que passam de entrevistados à atores da própria pantomina.
A superação absoluta foi vermos um senador, com a história de vida e luta como Suplicy, desfilar pelos corredores do Senado, vestindo uma cueca vermelha por sobre o terno, em uma demonstração deprimente de quão sem limites vive a casa.
_" Avisei que poderia dar problema, mas ela insistiu!" - foi a desculpa de Suplicy para ter cedido a provocação de Sabrina Sato, apresentadora da RedeTV,que como todos sabem, tem em outra parte do corpo - que não o cérebro, seu maior atributo.
Não adiantou suspender a exibição do programa. A foto de Suplicy de cuecas, com a ampla cobertura dos jornalistas e fotógrafos que lá estavam, ganhou a mídia internacional, expondo o Brasil a chacota do mundo.
O "surto" de Suplicy coloca novamente uma questão no ar.
Até quando o povo brasileiro irá aguentar? Qual é o limite para aceitar tanto desrespeito com o nosso voto?
Mais uma vez a nossa dignidade é afrontada por uma cueca.
Se antes foram os dólares escondidos, agora é o descaramento em rede nacional.
Conchavos, acertos, protecionismo, desvio de verbas, atos secretos, tráfego de influência, nepotismo, subserviência ao poder executivo, pizzas e maracutaias; uma sucessão infinda de desrespeitos as leis e aos eleitores, que entregam seus mandatos, na esperança de serem bem representados.
Como se tudo isso não bastasse, agora resolveram partir para o escracho total, com comportamentos que transformam nosso Senado, em cenário burlesco de um clube de quinta categoria.
Invadido por equipes de programas humorísticos da televisão, o Senado dá uma demonstração explícita de tudo aquilo que deveria evitar.
Deputados e senadores comportando-se como personagens do grande "Circo Brasil" que a casa se transformou.
Por vezes demonstrando o total desconhecimento dos principais temas nacionais, como respostas dignas da "escolinha do profesor raimundo", em outras, ensaiando passos de sedução com apresentadoras vestidas em trajes muito curtos.
Resolveram aderir de tal forma ao espírito desses programas, que passam de entrevistados à atores da própria pantomina.
A superação absoluta foi vermos um senador, com a história de vida e luta como Suplicy, desfilar pelos corredores do Senado, vestindo uma cueca vermelha por sobre o terno, em uma demonstração deprimente de quão sem limites vive a casa.
_" Avisei que poderia dar problema, mas ela insistiu!" - foi a desculpa de Suplicy para ter cedido a provocação de Sabrina Sato, apresentadora da RedeTV,que como todos sabem, tem em outra parte do corpo - que não o cérebro, seu maior atributo.
Não adiantou suspender a exibição do programa. A foto de Suplicy de cuecas, com a ampla cobertura dos jornalistas e fotógrafos que lá estavam, ganhou a mídia internacional, expondo o Brasil a chacota do mundo.
O "surto" de Suplicy coloca novamente uma questão no ar.
Até quando o povo brasileiro irá aguentar? Qual é o limite para aceitar tanto desrespeito com o nosso voto?
Mais uma vez a nossa dignidade é afrontada por uma cueca.
Se antes foram os dólares escondidos, agora é o descaramento em rede nacional.
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sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Os índios vão as urnas...
Para a lembrança dos mais antigos, o primeiro representante indígena no Legislativo brasileiro foi Mário Juruna.
Eleito deputado federal pelo PDT para o mandato de 1983/1987, Juruna acabou se tornando um dos personagens mais diferenciados da história política do Brasil. Em suas andanças pelos gabinetes da política ou do poder, não se separava do seu gravador portátil, gravando qualquer depoimento ou promessa que obtivesse. Dizia que a gravação era necessária, pois sem ela, a palavra do "homem branco" não teria valor. Sua fama atravessou as fronteiras brasileiras para alcançar repercussão mundial. Foi responsável no Congresso pela criação da Comissão Permanente do Índio. Com um único mandato colocou o índio brasileiro na mídia mundial.
Muita coisa mudou do seu tempo para os dias de hoje.
Os índios estão muito mais organizados.Cada vez mais presentes na política, se preparam para aumentar a sua representação nas eleições de 2010. Elegeram seis prefeitos e mais de 90 vereadores nos últimos pleitos municipais.
Aquele índio que caçava, pescava, plantava mandioca e adorava ganhar espelhinhos e panelas não existe mais.
Hoje o índio tem parabólica e caminhonetes cabine dupla. Negociam a madeira da sua floresta . Acertam , com as companhias elétricas, royalties pelo uso de suas terras para torres de energia.
E para aqueles que acham que os índios estão em extinção, saibam que a população indígena brasileira dobrou nos últimos anos. Hoje são mais de 734.000.
A posse da terra também aumentou. Dos 8.514.215 km² do território nacional, 1.069.424 km² são áreas de reservas indígenas.
A título de ilustração, se dividirmos o número de índios brasileiros pela área das reservas, chegaremos a conclusão que cada índio é dono de 1,45 km² de terra. A média do resto da população brasileira é de 0,045km² por habitante.
Vinte e seis anos após Mario Juruna ter tomado posse como deputado federal, essa é a nova fotografia dos índios.
Acostumados as mudanças cíclicas da natureza, preparam-se para as mudanças habituais dos governantes brasileiros. E sabem que para enfrentar é necessário fazer parte do processo.
Um luta que só se ganha utilizando as mesmas armas, dentro das mesmas regras.
Eleito deputado federal pelo PDT para o mandato de 1983/1987, Juruna acabou se tornando um dos personagens mais diferenciados da história política do Brasil. Em suas andanças pelos gabinetes da política ou do poder, não se separava do seu gravador portátil, gravando qualquer depoimento ou promessa que obtivesse. Dizia que a gravação era necessária, pois sem ela, a palavra do "homem branco" não teria valor. Sua fama atravessou as fronteiras brasileiras para alcançar repercussão mundial. Foi responsável no Congresso pela criação da Comissão Permanente do Índio. Com um único mandato colocou o índio brasileiro na mídia mundial.
Muita coisa mudou do seu tempo para os dias de hoje.
Os índios estão muito mais organizados.Cada vez mais presentes na política, se preparam para aumentar a sua representação nas eleições de 2010. Elegeram seis prefeitos e mais de 90 vereadores nos últimos pleitos municipais.
Aquele índio que caçava, pescava, plantava mandioca e adorava ganhar espelhinhos e panelas não existe mais.
Hoje o índio tem parabólica e caminhonetes cabine dupla. Negociam a madeira da sua floresta . Acertam , com as companhias elétricas, royalties pelo uso de suas terras para torres de energia.
E para aqueles que acham que os índios estão em extinção, saibam que a população indígena brasileira dobrou nos últimos anos. Hoje são mais de 734.000.
A posse da terra também aumentou. Dos 8.514.215 km² do território nacional, 1.069.424 km² são áreas de reservas indígenas.
A título de ilustração, se dividirmos o número de índios brasileiros pela área das reservas, chegaremos a conclusão que cada índio é dono de 1,45 km² de terra. A média do resto da população brasileira é de 0,045km² por habitante.
Vinte e seis anos após Mario Juruna ter tomado posse como deputado federal, essa é a nova fotografia dos índios.
Acostumados as mudanças cíclicas da natureza, preparam-se para as mudanças habituais dos governantes brasileiros. E sabem que para enfrentar é necessário fazer parte do processo.
Um luta que só se ganha utilizando as mesmas armas, dentro das mesmas regras.
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quarta-feira, 14 de outubro de 2009
A pesquisa da fome
A CNA - Confederação Nacional da Agricultura encomendou pesquisa ao Ibope sobre assentamentos da reforma agrária, que apresentou números realmente alarmantes.
Realizada junto a mil famílias assentadas - em nove estados, mostra uma fotografia, que aponta a verdadeira falência do modelo adotado pelo governo.
Entre os vários números levantados, vamos apontar apenas um:
72,3% das famílias não conseguem gerar nenhum tipo de renda, sendo que desse total, 37% não produzem nada, vivendo em situação de extrema pobreza - 1/4 do salário mínimo per capita.
É esse o produto final que deve ser gerado pela reforma agrária?
Ter a sua própria terra e dela não conseguir tirar nem o seu próprio sustento?
Para o governo os parâmetros de produtividade não devem ser usados quando se trata de terras entregues a reforma agrária. O projeto precisa ser entendido dentro do seu aspecto social.
Parece que o único resultado que está sendo alcançado é a socialização da miséria. Altos índices de analfabetismo, pobreza, sustento externo e até mesmo repasse da propriedade.
Lavrar uma escritura de propriedade e abandonar o assentado a sua própria sorte não leva a nada. Precisa haver instrução, treinamento, crédito e principalmente acompanhamento e gestão.
Metas precisam ser estabelecidas e cobradas. Nada simples como um "toma que o filho é teu".
O MST - Movimento dos Sem Terra contesta a pesquisa, qualificando-a como um produto de interesse da CNA.
O presidente do INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária -Rolf Hackbart, contesta o resultado, considerando a amostragem insuficiente.
Em qual lado mora a razão? Aonde está a verdade?
Quanto ao MST, suas últimas ações o desqualificam para qualquer julgamento. Há muito tempo o Movimento perdeu seus princípios, para se transformar em uma autêntica gangue, à serviço de interesses escusos.
Ao caro ministro, devemos observar, que os critérios que norteiam o número da amostragem para pesquisas, aliás, ferramenta básica do Ibope, é universal e muito conhecido. A proporção de 1.000/1.000.000 é mais que suficiente.
O que o governo precisa de fato é corrigir os desvios do programa. É fazer o acompanhamento direto no campo. Levantar os problemas e conduzir as correções.
Não ir para a mídia discutir números de uma pesquisa. Enquanto discute as pessoas passam necessidade, o programa perde o sentido.
Como diz o mestre Milton Nascimento é preciso "..ir aonde o povo está".
Realizada junto a mil famílias assentadas - em nove estados, mostra uma fotografia, que aponta a verdadeira falência do modelo adotado pelo governo.
Entre os vários números levantados, vamos apontar apenas um:
72,3% das famílias não conseguem gerar nenhum tipo de renda, sendo que desse total, 37% não produzem nada, vivendo em situação de extrema pobreza - 1/4 do salário mínimo per capita.
É esse o produto final que deve ser gerado pela reforma agrária?
Ter a sua própria terra e dela não conseguir tirar nem o seu próprio sustento?
Para o governo os parâmetros de produtividade não devem ser usados quando se trata de terras entregues a reforma agrária. O projeto precisa ser entendido dentro do seu aspecto social.
Parece que o único resultado que está sendo alcançado é a socialização da miséria. Altos índices de analfabetismo, pobreza, sustento externo e até mesmo repasse da propriedade.
Lavrar uma escritura de propriedade e abandonar o assentado a sua própria sorte não leva a nada. Precisa haver instrução, treinamento, crédito e principalmente acompanhamento e gestão.
Metas precisam ser estabelecidas e cobradas. Nada simples como um "toma que o filho é teu".
O MST - Movimento dos Sem Terra contesta a pesquisa, qualificando-a como um produto de interesse da CNA.
O presidente do INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária -Rolf Hackbart, contesta o resultado, considerando a amostragem insuficiente.
Em qual lado mora a razão? Aonde está a verdade?
Quanto ao MST, suas últimas ações o desqualificam para qualquer julgamento. Há muito tempo o Movimento perdeu seus princípios, para se transformar em uma autêntica gangue, à serviço de interesses escusos.
Ao caro ministro, devemos observar, que os critérios que norteiam o número da amostragem para pesquisas, aliás, ferramenta básica do Ibope, é universal e muito conhecido. A proporção de 1.000/1.000.000 é mais que suficiente.
O que o governo precisa de fato é corrigir os desvios do programa. É fazer o acompanhamento direto no campo. Levantar os problemas e conduzir as correções.
Não ir para a mídia discutir números de uma pesquisa. Enquanto discute as pessoas passam necessidade, o programa perde o sentido.
Como diz o mestre Milton Nascimento é preciso "..ir aonde o povo está".
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terça-feira, 13 de outubro de 2009
Um jogo complicado
Pela entrevista dada por Eike Batista, ao jornal O Estado de São Paulo, no dia 11 de outubro, está assando a "batata" de Roger Agnelli na presidência da Vale.
Parece que para o presidente Lula, o trabalho de Agnelli no comando da Vale - uma empresa privada, com participação do governo, não tem atendidos os interesses do país.
A demissão de funcionários no começo da crise, combinada com a posição da Vale de não priorizar investimentos em siderúrgicas, frustrando as intenções de Lula, deixaram-no muito irritado e com a certeza de que com Agnelli, o jogo não seria mudado.
Sentiu que precisava convocar um outro jogador. Nesse caso, ninguém melhor que Eike Batista, um empresário do setor, que sabe reconhecer as "oportunidades" da proximidade com o poder.
Investimentos no Brasil, agregação de valor aos minérios, construção de siderúrgicas - é Lula falando na voz de Eike. Um discurso e tanto. Capaz de encher de orgulho qualquer brasileiro.
Não importa que os fornos das siderúrgicas brasileiras estiveram desligados por muito tempo, contendo investimentos de seus proprietários, nem o fato de a Vale não ser uma companhia estatal e dever satisfação aos seus acionistas.
Eike Batista compraria um lote das ações da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), ganha uma cadeira no conselho da Vale e comanda a substituição de Agnelli, indicando como novo presidente, o próprio presidente da Previ - Sérgio Rosa.
Uma jogada de mestre. O Palácio do Planalto em festa.
Mas qual será o preço institucional a ser pago?
A Vale é uma das maiores companhias globais. Com quase 100 mil funcionários (contando os indiretos) e investimentos espalhados por todo o mundo, a Vale representa o novo Brasil que conquista seu espaço junto aos grandes do mundo.
Agora que voltamos a ser a "bola da vez" dos investidores internacionais, uma interferência tão agressiva certamente causaria desconfianças, podendo frear o movimento de entrada desses capitais.
Essa não é a hora, esse não é o jogo.
Parece que para o presidente Lula, o trabalho de Agnelli no comando da Vale - uma empresa privada, com participação do governo, não tem atendidos os interesses do país.
A demissão de funcionários no começo da crise, combinada com a posição da Vale de não priorizar investimentos em siderúrgicas, frustrando as intenções de Lula, deixaram-no muito irritado e com a certeza de que com Agnelli, o jogo não seria mudado.
Sentiu que precisava convocar um outro jogador. Nesse caso, ninguém melhor que Eike Batista, um empresário do setor, que sabe reconhecer as "oportunidades" da proximidade com o poder.
Investimentos no Brasil, agregação de valor aos minérios, construção de siderúrgicas - é Lula falando na voz de Eike. Um discurso e tanto. Capaz de encher de orgulho qualquer brasileiro.
Não importa que os fornos das siderúrgicas brasileiras estiveram desligados por muito tempo, contendo investimentos de seus proprietários, nem o fato de a Vale não ser uma companhia estatal e dever satisfação aos seus acionistas.
Eike Batista compraria um lote das ações da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), ganha uma cadeira no conselho da Vale e comanda a substituição de Agnelli, indicando como novo presidente, o próprio presidente da Previ - Sérgio Rosa.
Uma jogada de mestre. O Palácio do Planalto em festa.
Mas qual será o preço institucional a ser pago?
A Vale é uma das maiores companhias globais. Com quase 100 mil funcionários (contando os indiretos) e investimentos espalhados por todo o mundo, a Vale representa o novo Brasil que conquista seu espaço junto aos grandes do mundo.
Agora que voltamos a ser a "bola da vez" dos investidores internacionais, uma interferência tão agressiva certamente causaria desconfianças, podendo frear o movimento de entrada desses capitais.
Essa não é a hora, esse não é o jogo.
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quarta-feira, 7 de outubro de 2009
A impunidade do MST
Integrantes do MST (Movimento dos Sem Terra) invadem fazenda no Rio Grande do Sul e destroem laboratório e viveiro florestal da Aracruz Celulose. Pesquisa e material genético estudado há mais de vinte anos é totalmente destruído.
Fazenda da Cutrale, na região de Baurú- São Paulo, é invadida pelo MST. Integrantes do movimento, com o uso de tratores, destroem 7.000 pés de laranja.
A primeira ação aconteceu em 2.006, a outra, agora em 2.009.
Entre as duas, um espaço de três anos e centenas de novas invasões. Em comum, além da absurda barbárie, um total imobilismo do governo federal em punir os culpados, em coibir outras ações ilegais do MST.
Mais do que a falta de medidas, o governo vem sendo acusado de repassar verbas públicas para as cooperativas de fachada, que funcionam como captadoras de recursos para o MST.
No Congresso, a base governista já impediu uma das CPIs sobre o movimento. Em face da gravidade da nova ação, uma outra CPI está sendo armada, com um provável arquivamento também.
Como o Brasil pode pretender um posto na liderança dos países desenvolvidos, se um dos mais elementares princípios de qualquer nação - o direito a propriedade privada, é tão vilipendiado por aqui?
No aspecto social da questão, é claro que todos devem ter direito a oportunidades iguais, direito ao seu pedaço de terra, ao seu quinhão de país.
O que não se pode admitir, é que esse direito seja exercido pela força bruta, inclusive colocando em risco a vida e a propriedade.
O MST não pode agir a margem da lei. Não pode representar o Judiciário, definindo qual propriedade é ou não produtiva. Não pode, a seu livre arbítrio, tomar posse de terras devidamente legalizadas.
Qual é o exemplo que o movimento quer dar? Da força que possuem, da impunidade e cumplicidade que acreditam ter do governo? Do poder de serem maiores que a Constituição?
A Constituição Brasileira, estalece em seu artigo 5º, parágrafo XII, " é garantido o direito de propriedade".
Quando o governo entenderá que as ações do MST, em nada contribuem para a reforma agrária?
Ao contrário, só farão recrudescer ainda mais a violência, levando o lado agredido a buscar soluções alternativas para a defesa das suas propriedades.
Como impedir a contratação das chamadas milícias particulares, se o estado não oferece a necessária segurança?
O MST age como uma verdadeira gangue. Não respeita as leis nem a propriedade.
O conflito adquire, a cada dia, contornos mais ameaçadores. O governo não pode, por preocupações eleitorais ou não, ser omisso a esse perigo.
A impunidade sempre fortalece aos que tem por princípio desrespeitar as leis. Não importa se é um militante invadindo terra alheia ou um congressista desviando fundos públicos.
Vamos exigir que se reverta essa situação. Aproveitando que o Brasil conseguiu o direito de sediar uma Olimpíada, que tal buscarmos uma medalha de ouro em ética, civilidade e respeito humano?
Fazenda da Cutrale, na região de Baurú- São Paulo, é invadida pelo MST. Integrantes do movimento, com o uso de tratores, destroem 7.000 pés de laranja.
A primeira ação aconteceu em 2.006, a outra, agora em 2.009.
Entre as duas, um espaço de três anos e centenas de novas invasões. Em comum, além da absurda barbárie, um total imobilismo do governo federal em punir os culpados, em coibir outras ações ilegais do MST.
Mais do que a falta de medidas, o governo vem sendo acusado de repassar verbas públicas para as cooperativas de fachada, que funcionam como captadoras de recursos para o MST.
No Congresso, a base governista já impediu uma das CPIs sobre o movimento. Em face da gravidade da nova ação, uma outra CPI está sendo armada, com um provável arquivamento também.
Como o Brasil pode pretender um posto na liderança dos países desenvolvidos, se um dos mais elementares princípios de qualquer nação - o direito a propriedade privada, é tão vilipendiado por aqui?
No aspecto social da questão, é claro que todos devem ter direito a oportunidades iguais, direito ao seu pedaço de terra, ao seu quinhão de país.
O que não se pode admitir, é que esse direito seja exercido pela força bruta, inclusive colocando em risco a vida e a propriedade.
O MST não pode agir a margem da lei. Não pode representar o Judiciário, definindo qual propriedade é ou não produtiva. Não pode, a seu livre arbítrio, tomar posse de terras devidamente legalizadas.
Qual é o exemplo que o movimento quer dar? Da força que possuem, da impunidade e cumplicidade que acreditam ter do governo? Do poder de serem maiores que a Constituição?
A Constituição Brasileira, estalece em seu artigo 5º, parágrafo XII, " é garantido o direito de propriedade".
Quando o governo entenderá que as ações do MST, em nada contribuem para a reforma agrária?
Ao contrário, só farão recrudescer ainda mais a violência, levando o lado agredido a buscar soluções alternativas para a defesa das suas propriedades.
Como impedir a contratação das chamadas milícias particulares, se o estado não oferece a necessária segurança?
O MST age como uma verdadeira gangue. Não respeita as leis nem a propriedade.
O conflito adquire, a cada dia, contornos mais ameaçadores. O governo não pode, por preocupações eleitorais ou não, ser omisso a esse perigo.
A impunidade sempre fortalece aos que tem por princípio desrespeitar as leis. Não importa se é um militante invadindo terra alheia ou um congressista desviando fundos públicos.
Vamos exigir que se reverta essa situação. Aproveitando que o Brasil conseguiu o direito de sediar uma Olimpíada, que tal buscarmos uma medalha de ouro em ética, civilidade e respeito humano?
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Quem dá mais pelo Carrefour?
Qual é a verdadeira intenção da Colony Capital e de Bernard Arnault - CEO da LVMH, principais acionistas do Carrefour, ao pressionarem o conselho do grupo a se desfazerem das operações no Brasil e na China?
Enquanto as lojas europeias apresentam taxas de vendas declinantes, o crescimento nos dois países alvo é da ordem de dois dígitos, sendo que só no Brasil,no primeiro semestre do ano, as vendas bateram na casa dos 14% de expansão.
A alegação de que buscam elevar os preços das ações, para recuperar perdas passadas, não faz sentido.
Vender operações em mercados com altas taxas de crescimento nas vendas, para ficar com mercados estagnados, beira a maluquice, coisa que Arnault e Tom Barrack - fundador da Colony Capital decididamente não são.
Mesmo que a intenção da venda seja verdadeira, a mídia nunca é a primeira a saber. São negociações sigilosas, em petit comitê, com todas as medidas de segurança tomadas. Qualquer vazamento de informação pode derrubar o valor das ações.
Então porque a corrida à mídia?
Duas hipóteses podem ser levantadas para toda publicidade gerada.
O conselho do grupo, sentindo toda a pressão colocada pelos dois investidores, resolveu "levantar a tampa da panela" vazando a informação, na tentativa de inverter o sentido da pressão, enfraquecendo a força da Colony e Arnauld.
A outra hipótese, é que os dois investidores deixaram "escorregar" para a mídia todo o processo, esperando que a confusão causada jogasse para baixo o valor das ações. Comprariam na baixa, aumentando a participação no grupo.
Bernard Arnauld é conhecido pela sua agressividade e truculência nos negócios. A sua própria história na LVMH é prova disso.
Após promover a sua entrada no capital desse gigante do luxo francês, Arnauld soube como ninguém aproveitar todos os desentendimentos entre os outros acionistas, para se tornar majoritário e presidente da companhia.
O cenário está armado.
Vamos aguardar os próximos lances desse jogo.
A promessa é de intensas emoções.
Enquanto as lojas europeias apresentam taxas de vendas declinantes, o crescimento nos dois países alvo é da ordem de dois dígitos, sendo que só no Brasil,no primeiro semestre do ano, as vendas bateram na casa dos 14% de expansão.
A alegação de que buscam elevar os preços das ações, para recuperar perdas passadas, não faz sentido.
Vender operações em mercados com altas taxas de crescimento nas vendas, para ficar com mercados estagnados, beira a maluquice, coisa que Arnault e Tom Barrack - fundador da Colony Capital decididamente não são.
Mesmo que a intenção da venda seja verdadeira, a mídia nunca é a primeira a saber. São negociações sigilosas, em petit comitê, com todas as medidas de segurança tomadas. Qualquer vazamento de informação pode derrubar o valor das ações.
Então porque a corrida à mídia?
Duas hipóteses podem ser levantadas para toda publicidade gerada.
O conselho do grupo, sentindo toda a pressão colocada pelos dois investidores, resolveu "levantar a tampa da panela" vazando a informação, na tentativa de inverter o sentido da pressão, enfraquecendo a força da Colony e Arnauld.
A outra hipótese, é que os dois investidores deixaram "escorregar" para a mídia todo o processo, esperando que a confusão causada jogasse para baixo o valor das ações. Comprariam na baixa, aumentando a participação no grupo.
Bernard Arnauld é conhecido pela sua agressividade e truculência nos negócios. A sua própria história na LVMH é prova disso.
Após promover a sua entrada no capital desse gigante do luxo francês, Arnauld soube como ninguém aproveitar todos os desentendimentos entre os outros acionistas, para se tornar majoritário e presidente da companhia.
O cenário está armado.
Vamos aguardar os próximos lances desse jogo.
A promessa é de intensas emoções.
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