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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Os índios vão as urnas...

Para a lembrança dos mais antigos, o primeiro representante indígena no Legislativo brasileiro foi Mário Juruna.

Eleito deputado federal pelo PDT para o mandato de 1983/1987, Juruna acabou se tornando um dos personagens mais diferenciados da história política do Brasil. Em suas andanças pelos gabinetes da política ou do poder, não se separava do seu gravador portátil, gravando qualquer depoimento ou promessa que obtivesse. Dizia que a gravação era necessária, pois sem ela, a palavra do "homem branco" não teria valor. Sua fama atravessou as fronteiras brasileiras para alcançar repercussão mundial. Foi responsável no Congresso pela criação da Comissão Permanente do Índio. Com um único mandato colocou o índio brasileiro na mídia mundial.

Muita coisa mudou do seu tempo para os dias de hoje.

Os índios estão muito mais organizados.Cada vez mais presentes na política, se preparam para aumentar a sua representação nas eleições de 2010. Elegeram seis prefeitos e mais de 90 vereadores nos últimos pleitos municipais.

Aquele índio que caçava, pescava, plantava mandioca e adorava ganhar espelhinhos e panelas não existe mais.

Hoje o índio tem parabólica e caminhonetes cabine dupla. Negociam a madeira da sua floresta . Acertam , com as companhias elétricas, royalties pelo uso de suas terras para torres de energia.

E para aqueles que acham que os índios estão em extinção, saibam que a população indígena brasileira dobrou nos últimos anos. Hoje são mais de 734.000.
A posse da terra também aumentou. Dos 8.514.215 km² do território nacional, 1.069.424 km² são áreas de reservas indígenas.
A título de ilustração, se dividirmos o número de índios brasileiros pela área das reservas, chegaremos a conclusão que cada índio é dono de 1,45 km² de terra. A média do resto da população brasileira é de 0,045km² por habitante.
Vinte e seis anos após Mario Juruna ter tomado posse como deputado federal, essa é a nova fotografia dos índios.
Acostumados as mudanças cíclicas da natureza, preparam-se para as mudanças habituais dos governantes brasileiros. E sabem que para enfrentar é necessário fazer parte do processo.
Um luta que só se ganha utilizando as mesmas armas, dentro das mesmas regras.


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