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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A pesquisa da fome

A CNA - Confederação Nacional da Agricultura encomendou pesquisa ao Ibope sobre assentamentos da reforma agrária, que apresentou números realmente alarmantes.
Realizada junto a mil famílias assentadas - em nove estados, mostra uma fotografia, que aponta a verdadeira falência do modelo adotado pelo governo.
Entre os vários números levantados, vamos apontar apenas um:

72,3% das famílias não conseguem gerar nenhum tipo de renda, sendo que desse total, 37% não produzem nada, vivendo em situação de extrema pobreza - 1/4 do salário mínimo per capita.

É esse o produto final que deve ser gerado pela reforma agrária?
Ter a sua própria terra e dela não conseguir tirar nem o seu próprio sustento?
Para o governo os parâmetros de produtividade não devem ser usados quando se trata de terras entregues a reforma agrária. O projeto precisa ser entendido dentro do seu aspecto social.
Parece que o único resultado que está sendo alcançado é a socialização da miséria. Altos índices de analfabetismo, pobreza, sustento externo e até mesmo repasse da propriedade.
Lavrar uma escritura de propriedade e abandonar o assentado a sua própria sorte não leva a nada. Precisa haver instrução, treinamento, crédito e principalmente acompanhamento e gestão.
Metas precisam ser estabelecidas e cobradas. Nada simples como um "toma que o filho é teu".
O MST - Movimento dos Sem Terra contesta a pesquisa, qualificando-a como um produto de interesse da CNA.
O presidente do INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária -Rolf Hackbart, contesta o resultado, considerando a amostragem insuficiente.

Em qual lado mora a razão? Aonde está a verdade?
Quanto ao MST, suas últimas ações o desqualificam para qualquer julgamento. Há muito tempo o Movimento perdeu seus princípios, para se transformar em uma autêntica gangue, à serviço de interesses escusos.
Ao caro ministro, devemos observar, que os critérios que norteiam o número da amostragem para pesquisas, aliás, ferramenta básica do Ibope, é universal e muito conhecido. A proporção de 1.000/1.000.000 é mais que suficiente.
O que o governo precisa de fato é corrigir os desvios do programa. É fazer o acompanhamento direto no campo. Levantar os problemas e conduzir as correções.
Não ir para a mídia discutir números de uma pesquisa. Enquanto discute as pessoas passam necessidade, o programa perde o sentido.
Como diz o mestre Milton Nascimento é preciso "..ir aonde o povo está".

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