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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Os Donos e os Bônus

Outro dia, em conversa bastante animada com um amigo - economista dos bons, discutíamos o terremoto que sacudiu o mundo.
Os bônus milionários pagos à executivos que praticamente quebraram suas instituições, a falta absoluta de salvaguardas e "polices" e, o retorno dos veteranos como Paul Volcker, ao comando da economia americana.
A volta de Vocker, mais do que trazer a experiência de quem atravessou as piores crises econômicas do século XX, mostra um caminho pelo compromisso.
E que fique bem claro.Compromisso é diferente de meta.
Compromisso é ter clareza com o futuro.É saber aonde deverá chegar o seu país ou empresa, dentro de um projeto longevo.
A mudança de critérios de avaliação, desempenho e resultado - surgidos nas últimas décadas, transformaram a história das empresas.
Paulatinamente foi se perdendo o que era costume chamar de "cultura da empresa".
Os donos e acionistas, na busca de melhores resultados, criaram uma armadilha para que eles próprios se tornassem reféns.
Os bônus e prêmios colocaram, no curto prazo, acionistas e executivos no mesmo lado do jogo - a busca por melhores resultados. Entretanto, ao mesmo tempo,geraram um abismo colossal quanto a idéia de futuro do negócio.
As premiações pelos resultados anuais, não levaram em conta a "Teoria do Coelho".
Se você quer que um coelho corra, basta fazer correr à frente dele uma bela cenoura.
Agora, se você quiser que ele corra muito, além da cenoura correndo na frente, coloque uma bem grande atrás.
Bricadeiras à parte, a diferença está no tempo.
O executivo passou a ser medido ano a ano. As premiações anuais podem promover riquezas imediatas.
Enquanto a empresa precisa de um bom resultado anual,para garantir a sua sobrevivência e os futuros investimentos, com apenas um ou dois anos o executivo resolve a sua vida.
E o que é melhor, sem risco nenhum. Bônus para o executivo e ônus para a empresa.
Altas apostas passaram a ser feitas. Todos os riscos, quando não era possível diluí-los, passaram a ser desprezados ou "mascarados".
O único compromisso passou a ser atingir a meta anual da companhia e garantir o bônus. Não importa a que preço. Afinal, era melhor garantir o U$ milhão agora, do que correr riscos em prazos ou objetivos maiores.
Não é possível contrariar a natureza humana. Ela sempre será egoísta e priorizará o curto prazo.
Para que possamos ter uma retomada a normalidade, buscar um crescimento sustentável e seguro, é preciso ressucitar antigos valores.
Mais do que nunca, o que o mundo está necessitando é de COMPROMISSO.

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